Adelidia Maria Rodrigues

 

A SEQUÊNCIA DIDÁTICA COMO POSSIBILIDADE DE ENFRENTAMENTO ÀS DIFICULDADES DE LEITURA E INTERPRETAÇÃO NAS AULAS SOBRE IDADE MÉDIA NO SEXTO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

 

Introdução

O presente trabalho destaca a realização da prática docente nas turmas dos sextos anos do Ensino Fundamental – Anos finais, com foco na aula de História, visando os desafios do professor em trabalhar de maneira efetiva os conteúdos relativos à História Medieval tendo em vista as dificuldades de leitura e escrita, agravadas ainda mais pelo contexto de ensino remoto ou híbrido, do qual a maioria dos alunos que ingressam no sexto ano, vivenciaram nos últimos dois anos. Estudantes que nesta fase passam por uma transição importante dentro do Ensino Fundamental, momento no qual, segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), nos Anos Finais serão ressignificados os conhecimentos construídos nos Anos Iniciais (Brasil, 2017, p. 60). Ademais, serão analisadas algumas das discussões atuais sobre a contribuição dos estudos dos medievalistas para o ensino sobre a Idade Média e sua contribuição na construção identitária brasileira e a possibilidade de agregar ao trabalho pedagógico algumas das demandas contemporâneas. Na tentativa de enfrentamento a tais dificuldades é apresentada uma proposta da construção de Sequências Didáticas na perspectiva interdisciplinar visando a construção de um trabalho colaborativo.

 

A aula de História nos sextos anos do Ensino Fundamental – Anos Finais

O professor de História tem a missão de trabalhar as temáticas referentes a este componente curricular ao mesmo tempo em que arquiteta uma aula com foco nas possibilidades educativas que resgatem a história do aluno e as diversas relações, na construção do conhecimento colaborativo, para que o mesmo venha a utilizar conhecimentos de maneira ativa, sedimentando a autonomia do pensamento (BNCC, 2017). Assim, há a necessidade de analisar questões, contextualizar fatos e localizar temáticas no tempo e no espaço e a relação com o seu contexto, ampliando as possibilidades de uma educação integral, conforme destaca Carneiro (2020, p. 134).

 

Ao analisarmos o perfil do aluno de sexto ano do Ensino Fundamental – Anos Finais, é preciso antes entender a origem deste aluno, no que diz respeito a etapa anterior nos Anos Iniciais. Segundo Pinheiro (2021, p. 19), nesta etapa anterior os alunos vivenciam uma realidade bem diferente, durante todo o horário da aula o contato com um único professor, que por conseguinte tem a possibilidade de observar as dificuldades de cada aluno de forma mais pontual.

 

Neste sentido, é importante destacar o que aponta o autor Jefferson Mainardes, no capítulo intitulado Alfabetização em tempos de Pandemia, presente no livro Políticas e Práticas de Alfabetização. O autor relata que os profissionais das diversas redes de ensino se empenharam para garantir aos estudantes acesso aso diversos conteúdos quando da utilização do que ele denominou de Ensino Remoto Emergencial (ERE), porém, destaca que, apesar do empenho, a aprendizagem dos estudantes sofreu impacto, principalmente no desenvolvimento do letramento (Mainardes, 2021, p. 57).

 

Os estudantes dos sextos anos são apresentados assim a um contexto de transição bem significativo. O professor de História tem diante de si um desafio pontual: de um lado garantir aos estudantes destas turmas as temáticas da disciplina, e de outro se voltar para os alunos que possuem fragilidades na leitura e interpretação. A leitura é uma atividade fundamental para o exercício da cidadania, segundo Solé, “a leitura é imprescindível para agir com autonomia nas sociedades letradas, e ela provoca uma desvantagem profunda para as pessoas que não conseguem realizar sua aprendizagem.” ((1998, p. 32). A leitura nesse contexto se transforma em um importante instrumento para a transformação ou legitimação de realidades.

 

Refletir sobre o ensino de História, pontualmente seu exercício nas turmas dos sextos anos, oferece uma possibilidade de entender que as dificuldades de aprendizagem destes alunos, quando não minimizadas, desempenham uma reação em cadeia, chegando aos nonos anos com a aprendizagem muito fragilizada, terão séria propensão a desistir, desistindo inclusive de cursar o Ensino Médio, e ainda se conseguirem concluí-lo, poucos chegarão as Universidades. Basta analisar o que destaca Neves et. al (2007, p. 131), quando afirma que um dos fatores do não acesso ou da não permanência nas Universidades tem relação com os números de alunos matriculados em cada etapa, convertendo-se em uma pirâmide de exclusão, pois dos estudantes que ingressam no Ensino Fundamental, uma parte muito pequena chega a concluir o Ensino Médio e a Universidade.

 

É no contexto apresentado acima que geralmente ocorre o trabalho do professor de História nos dias atuais. Os alunos que tem que se adaptar a uma carga horária diferenciada e a diversos professores, parte desses alunos com dificuldades pontuais na leitura e escrita, como resultado do impacto do Ensino Remoto na construção do processo de alfabetização, ocasionando dificuldades na construção do letramento, impactando na leitura e interpretação, atividades essenciais para a efetiva aprendizagem das temáticas referentes a disciplina de História. Assim, convém trazer a seguinte questão: como o professor de História irá trabalhar na perspectiva de letramento? Tal perspectiva não seria melhor localizada nas aulas de Língua Portuguesa?

 

Destacamos que em relação às questões aqui colocadas, não há a ideia de oferecer uma receita pronta. Tal postura não seria legítima devido a uma multiplicidade de fatores que envolvem o fazer docente diário e que sedimentam a aula de História. Destaca-se apenas que as dificuldades de leitura e escrita não serão solucionadas a partir de intervenção na aula de História. Porém, esse professor, em colaboração com as demais áreas, pode contribuir pontualmente nas turmas dos sextos anos no que lhe é possível. Assim, a ideia neste texto é apresentar sugestões no sentido de enfrentamento das dificuldades encaradas nestas turmas de realidade tão singular, como será apontado no próximo tópico.

 

Ensino de História Medieval e as demandas contemporâneas

Desde a formação inicial e continuada, encarar o trabalho com a disciplina de História passa por vários desafios. Neste sentido, Vianna destaca que a aproximação entre os campos de ensino e da pesquisa pode proporcionar novas formas de ensinar (2021, p. 186) na formação docente. Desse modo, uma proposta seria instrumentalizar professores que atuarão na Educação Básica, tendo em vista proporcionar auxílio aos futuros docentes no que diz respeito à sua atuação juntos aos estudantes e suas demandas reais, que ultrapassam os conteúdos, e atender o que destaca a BNCC: “trata-se de transformar a história em ferramenta a serviço de um discernimento maior sobre as experiências humanas e as sociedades em que se vive.” (BRASIL, 2017, p. 403).

 

Discernir de maneira ampla o que significa a construção histórica possibilita a cada estudante posicionar-se de maneira autônoma diante de sua realidade sócio-histórica, tendo em vista o que Freire (2005, p.104) destaca, ou seja, que o homem é um ser histórico, pois os animais vivem e homens existem. Essa existência é significada quando o homem tem a possibilidade de compreender os acontecimentos históricos e sua relação tempo e espaço de maneira que haja uma contextualização ou relação com as realidades que este se insere.

 

Dentre o vasto campo de temáticas que serão trabalhadas com as turmas dos sextos anos, apresentadas na BNCC sob a forma de habilidades a serem desenvolvidas (BRASIL, 2017, p. 384-385), destaca-se os conteúdos relativos à História Medieval. É importante destacar que atualmente os estudos acadêmicos e de grupos de pesquisas em medievalística têm contribuído muito para que esses conteúdos tenham lugar nas discussões sobre a BNCC, como destaca Lima (2019, p. 15).

 

Nessa perspectiva, é importante destacar o que diz Fernandes: “Nosso quotidiano está repleto de inovações surgidas naquela época, como as universidades, os bancos, e ainda a imprensa, o relógio mecânico e os óculos.” (FERNANDES, 1999, p. 7). Dessa forma, o estudo sobre a Idade Média possibilita aos estudantes perceber que seu processo de construção identitária também possui raízes nesse período, ao mesmo tempo em que contextualiza as relações deste período e sua realidade.

 

Reitera-se a importância de compreender como destaca Lima (2019, p. 14), ou seja, que as contribuições da medievalística brasileira se devem ao aumento de estudos e pesquisas que tem representado muito na desconstrução de conceitos equivocados sobre o que realmente significou a Idade Média. Estes estudos reafirmam a importância de ampliar conceitos sobre o medievo fugindo do conceito de “Idade das Trevas”. Há ainda a possibilidade de relacionar acontecimentos deste período à construção histórica brasileira. Por exemplo, Vianna (2021, p. 85) destaca que o rompimento com uma visão territorial unicamente francesa, dando destaque ao território da Península Ibérica medieval, possibilitaria, já na formação inicial, oferecer uma conexão sobre o Medievo e a realidade dos estudantes brasileiros.

 

Pereira destaca que o conteúdo de História Medieval é apresentado aos estudantes de duas formas (Pereira, 2009, p. 118): de um lado, a escola associou esse período à uma período de limitação e ausência de trocas e movimentação cultural e ainda uma profunda religiosidade; de outro lado, a crescente presença de uma Idade Média da Fantasia, dos cavaleiros heroicos e diversos seres fantásticos. Dessa forma, atualmente, os estudantes têm acesso às “referências” a este período a partir do contato com o cinema, jogos, documentários e diversos canais na internet que apresentam representações acerca do que foi a Idade Média. Assim, os cursos de formação de professores de História têm diante de si o desafio de rever conceitos equivocados sobre a Idade Média que circulam no âmbito escolar e ao mesmo tempo orientar para o uso das diversas linguagens como cinema, jogos, novelas.

 

No próximo tópico serão analisadas as possibilidades de se utilizar a diversidade textual e as linguagens descritas anteriormente a partir de uma proposta interdisciplinar contemplada nas chamadas Sequências Didáticas.

 

As Sequências Didáticas e a interdisciplinaridade: possibilidades de enfrentamento as dificuldades de leitura e interpretação

A sequência didática pode ser descrita como uma proposta metodológica inovadora. Nesse sentido, podemos destacar as contribuições de Zabala (2010, p. 18) nas discussões iniciais sobre o que vem a ser a sequência didática. O referido autor coloca que é muito importante que toda atividade que gire em torno da prática pedagógica deva estar antecedida de um planejamento e uma articulação pedagógica bem embasada para que sua execução seja efetiva, sendo esse um dos autores que embasam as discussões sobre a amplitude que envolve o trabalho com as sequências didáticas.

 

Outros autores que também abordam a temática são os autores Schneuwly e Dolz, que têm pesquisas com foco no trabalho com as sequências didáticas para a construção de atividades com os gêneros textuais orais e escritos na disciplina de Língua Portuguesa, destacados aqui para fundamentar a importância da seleção dos gêneros utilizados na sequência didática. Esses estudiosos defendem que as sequências didáticas devem ser bem estruturadas e planejadas com objetivos claros. O foco desses autores é o desenvolvimento de propostas de atividades com os gêneros textuais escritos e orais. Sobre essa abordagem metodológica, Schneuwly e Dolz (2004, p. 107) destacam que a construção do conjunto de atividades deve partir dos conteúdos que o estudante tem maior dificuldades. As atividades precisam estar planejadas no movimento onde o aluno é ativo, pois os textos trabalhados devem envolver situações concretas de linguagem, ou seja, ao estudar sobre o gênero carta, esses estudantes devem ler e produzir carta com interações reais de comunicação.

 

Para o desenvolvimento dos conteúdos relativos ao ensino de História Medieval na perspectiva interdisciplinar as Sequências Didáticas podem oferecer diversas possibilidades. Sobre a interdisciplinaridade pode-se destacar o que afirma Fazenda (2013, p. 19), quando destaca que frente a uma realidade onde a tecnologia está cada vez mais presente, a sistematização focada no caráter disciplinar do ensino, muitas vezes dificulta essa relação, ou seja, o conhecimento escolar e as necessidades impostas pela tecnologia.

 

A proposta aqui apresentada indica que o professor de História pode manter um diálogo com uma ou mais disciplinas, como, por exemplo, a Língua Portuguesa, na qual o professor de História poderá planejar atividades que utilizem a leitura de imagens relativas aos conteúdos de História Medieval. A sequência didática aqui proposta seria dividida em módulos, e é importante destacar que o módulo seguinte só pode ser acessado se o anterior tiver sido concluído, pois, cada módulo carrega em si um objetivo que proporcionará suporte para o próximo em torno da habilidade a ser desenvolvida. Pode-se imaginar uma sequência didática com a temática sobre as Mulheres no Medievo, no Módulo 1, no qual haveria uma atividade para análise de uma figura onde parecem mulheres no cotidiano de uma cidade medieval, e outra imagem representando o cotidiano de mulheres contemporâneas. Assim, os estudantes analisariam detalhes realizando uma “leitura”, percebendo diferenças e aproximações entre as duas imagens sobre a atuação das mulheres nesses dois contextos históricos.

 

É importante destacar que tal atividade poderá auxiliar a ampliação da capacidade de leitura e interpretação, pois as imagens podem possibilitar um levantamento dos “conhecimentos prévios” dos alunos. Para Solé (1998, p. 103), levantar esses conhecimentos é uma das estratégias que oferecerá maior interação e efetividade na busca da interpretação do texto. Tal atividade estimularia a introdução ao Módulo 2, no qual estaria envolvida a leitura de um texto. Reitera-se aqui que a dinâmica de condução da atividade sugerida não é novidade para muitos docentes de História, ou seja, o uso de imagens, porém, o destaque é que, a partir de uma Sequência Didática, o conteúdo estará elaborado com objetivos claros e direcionados para um próximo Módulo.

 

Ainda em relação aos textos escolhidos para a atividade, reitera-se o que Schneuwly e Dolz destacam, ou seja, a importância de textos de interações reais, utilizar textos acadêmicos como também curiosidades sobre o período medieval trazidas pelos alunos. Dessa forma, o professor realizaria uma conexão com o Módulo 3, no qual estaria um filme sobre a Idade Média. É importante destacar que o docente deve fazer uma pesquisa sobre o filme, observando o que diz Pereira (2016, p.121), quando ressalta que as temáticas sobre Idade Média no cinema apresentam uma grande influência contemporânea. Assim, o professor deve optar pelo filme que ofereça maior aproveitamento da temática e, a partir dele, dialogar com os alunos quais aspectos do filme estariam distorcidos, apresentando uma possibilidade de reflexão a luz da historiografia atual.

 

Por fim, no Módulo 4, os estudantes poderiam preparar um mural com exposição sobre os conhecimentos construídos sobre a mulher na Idade Média, minimizando o impacto da ausência ou apresentações genéricas dessas mulheres nos livros didáticos como aponta Lima (2021, p. 239).  A intenção não é oferecer uma “lista” de atividades e questões para o professor de História, dada a constatação que as atividades apresentadas são oriundas da prática escolar conhecida, porém, o que se pretende é apontar para a construção de uma sequência didática a partir de um planejamento de atividades distribuídas em módulos, como suporte aos conteúdos e habilidades a serem trabalhados, pois, a medida em que as atividades empreendidas em cada módulo podem relacionar-se com as demais disciplinas, destaca-se aqui a abordagem com os diversos gêneros textuais e as diversas e linguagens, tais como o cinema, os jogos e as novelas apresentadas na realidade dos estudantes.

 

Considerações finais

Conforme a reflexão apresentada nas páginas anteriores, foi proposta uma análise sobre a realidade dos estudantes das turmas dos sextos anos do Ensino Fundamental – Anos Finais. Inicialmente buscou-se caracterizar os estudantes destas turmas por se tratar de alunos em um processo significativo, ou seja, localizados na transição dos anos iniciais para os anos finais. Dessa forma, o estudante é apresentado à uma nova realidade, com um número maior de professores e consequentemente de disciplinas. Foram destacadas as dificuldades que estes alunos apresentam no que diz respeito à leitura e interpretação impactadas pelo ensino remoto ou híbrido, que fora oferecido em caráter emergencial em atendimento ao distanciamento social em decorrência da pandemia do Covid-19.

 

O panorama apresentado convida para a compreensão do contexto presente na prática pedagógica no ensino de História nas turmas dos sextos anos, buscando intervenções que visem a superação das dificuldades na relação de construção dos conhecimentos históricos e a relação com a efetiva leitura e interpretação de textos trabalhados. Tendo em vista a diversidade de conteúdos e temáticas do ensino de História trabalhados nessa turma, a opção apontada aqui volta-se para os conteúdos relativos à História Medieval, e a importância de conhecer o legado desse período, destacando as possibilidades de interação com a diversidade de textos e as demandas contemporâneas de ensino, cinema, jogos e novelas.

 

A partir das reflexões apresentadas, busca-se um entendimento de como a Sequência Didática pode ser produzida a partir de uma perspectiva interdisciplinar, envolvendo diversas áreas do conhecimento (UGALDE; ROWEDER, 2020, p. 3). Na aula de História nas turmas de sextos anos, incluiria na construção de seus módulos a diversidade textual e linguagens apresentadas a partir das vivências reais dos estudantes. Tal construção propõe um diálogo entre a necessidade de proporcionar um ensino de História que auxilie os estudantes na reflexão e ressignificação de conteúdos históricos e o fortalecimento diário de uma leitura e interpretação efetiva, tendo em vista que os estudantes adotem uma atitude proativa na construção e ressignificação de saberes.

 

Considerando a ampla realidade que envolve o ensino de História na Educação Básica, desde a formação inicial e continuada de professores até a distância entre as discussões acadêmicas em torno da historiografia atual e os conteúdos que são apresentados nas escolas, o perfil dos estudantes, entre outros, não se pretende aqui apontar soluções, tendo em vista a amplitude das questões teórico-práticas que envolvem o trabalho docente. É nítido que não cabe ao professor de História alfabetizar alunos, por não fazer parte de sua realidade formativa e prática, porém, o que aqui é apresentado é uma possibilidade de trabalho na tentativa de minimizar as dificuldades diárias do professor de História nas turmas de sextos anos, estruturado a partir da construção de Sequências Didáticas interdisciplinares, acrescendo-lhe de diversos textos, linguagens e demandas contemporâneas, na tentativa de oferecer uma alternativa ao enfretamento das dificuldades e ainda empreender o trabalho colaborativo como fortalecimento à formação de professores na construção diária de sua prática.

 

Referências biográficas

Adelidia Maria Rodrigues é Pedagoga, Psicopedagoga, Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Formação de Professores e Práticas Interdisciplinares (PPGFPPI) pela Universidade de Pernambuco/campus Petrolina e integrante do Spatio Serti – Grupo de Estudos e Pesquisa em Medievalística (UPE/campus Petrolina). Atualmente desenvolve o projeto de mestrado sob a orientação do Prof. Dr. Luciano José Vianna, cujo título (provisório) é: “As sequências didáticas para o trabalho interdisciplinar sobre o Medievo: possibilidades para a superação das dificuldades de aprendizagem nas turmas do sexto ano do Ensino Fundamental – Anos finais.”

 

Referências bibliográficas

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Educação é a Base. Brasília, MEC/CONSED/UNDIME, 2017.

 

CARNEIRO, Moaci Alves. LDB Fácil: leitura crítico-compreensiva, artigo a artigo. 22. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014.

 

DOLZ, Joaquim; NOVERRAZ, Michele; SCHNEUWLY, Bernard. Sequências didáticas para o oral e a escrita: apresentação de um procedimento. In: SCHNEUWLY, B.; DOLZ, J. e colaboradores. Gêneros orais e escritos da escola. Tradução de Roxane Rojo e Glais Sales Cordeiro. Campinas: Mercado de Letras, 2004. p. 81-108.

 

FAZENDA, Ivani. Práticas interdisciplinares na escola / Ivani Catarina Arantes Fazenda(coordenadora). – 13. Ed. ver. e ampl. – São Paulo: Cortez, 2013.

 

FERNANDES, Raúl Cesar Gouveia. Reflexões sobre o estudo da Idade Média. Videtur, num. 6, p. 7-14, 1999.

 

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 2005.

 

LIMA, Douglas Mota Xavier de. O novo já nasce velho: A Idade Média pós-BNCC e a questão da Mulher Medieval nos livros didáticos de História do Guia PNLD-2020. Brathair Grupos de Estudos Celtas e Germânicos. Universidade do Oeste do Pará, vol. 21, p. 226-255, 2021.

 

LIMA, Douglas Mota Xavier de. Uma História contestada: a História Medieval na Base Nacional Comum Curricular (2015-2017). Anos 90. Revista do Programa de Pós-Graduação em História Universidade Federal do Rio Grande do Sul, vol. 26, p. 1-21, 2019.

 

MAINARDES, Jefferson. Alfabetização em tempos de pandemia. In: Políticas e práticas de alfabetização: perspectivas autorais e contextuais. Rio de Janeiro: Fórum Estadual de Alfabetização do Rio de Janeiro: VW Editora, 2021, p. 57-65.

 

NEVES, Clarissa Eckert Baeta. RAIZER, Leandro. FACHINETTO, Rochele Fellini. Acesso, expansão e equidade na educação superior: novos desfios para a política educacional brasileira. Sociologias/Porto Alegre, Ano 9, n. 17, jan./jun. p. 124-157.

 

PEREIRA, Nilton Mullet. Imagens da Idade Média na cultura escolar. Aedos: revista do corpo discente do Programa de Pós-Graduação em História da UFRGS. Vol. 2, n. 2 (jun. 2009), p. 117-127, 2009.

 

PINHEIRO, Mirtes Emília. Desafios e perspectivas: o enfoque sobre o feminino medieval no ensino fundamental. In: A História Medieval entre a formação de professores e o ensino na Educação Básica no século XXI: experiências nacionais e internacionais / Organizador Luciano José Vianna. – Rio de Janeiro, RJ: Autografia, 2021, p. 19-50.

 

SOLÉ, Isabel. Estratégias de Leitura. Porto Alegre: Artmed, 1998.

 

VIANNA, Luciano José. A formação docente para a educação básica: Descolonizando a formação de professores com a disciplina “Civilização Ibérica”. Revista Diálogos Mediterrâneos, n. 21, p. 84-103, 2021.

 

VIANNA, Luciano José. A formação de professores para a educação básica: reflexões e experiências sobre a prática docente e a interdisciplinaridade na disciplina de História Medieval II. Ponta de Lança, v. 15 n. 28, p. 181-203, jan-jun. 2021.

 

ZABALA, Antoni. A prática educativa como ensina / Antoni Zabala - Porto Alegre: Artmed, 1998. 

11 comentários:

  1. Olá Adelidia Maria,

    Alguns Institutos da iniciativa privada vêm difundindo projetos como o "recomposição de ensino" do Instituto Ayrton Senna, no qual preconiza o diagnósticos no inicio do ano letivo e consequentemente um momento de recuperação da aprendizagem no primeiro bimestre. Pergunta: Como o professor de História poderia contribuir nesse processo de recomposição do ensino?

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    1. Olá José Liomar,
      Obrigada pela sua pergunta, é bem interessante, reforça a importância de uma postura a interdisciplinar. Geralmente os diagnósticos tem como foco as habilidades dos componentes curriculares, Matemática e Língua Portuguesa. A BNCC apresenta as habilidades para Língua Portuguesa organizadas a partir de quatro eixos correspondentes as práticas de linguagem: Eixo da Leitura, Eixo da Produção de Textos, Eixo da Análise Linguística/Semiótica e Eixo da Oralidade. Vivenciei uma experiência em uma escola onde após o resultado da Avaliação do Saeb, listávamos as habilidades das quais as turmas do Ensino Médio, do ano anterior tinham atingido menor percentual. No momento seguinte proporcionamos um momento de estudo, onde todos os professores participavam para o entendimento do que representavam as habilidades na construção do conhecimento. As Habilidades referente a Língua Portuguesa eram apresentadas e ao mesmo tempo em que era avaliado quais delas se encaixariam, para que fossem trabalhadas pelos professores das diversas disciplinas, convergindo com as habilidades sem prejuízo as habilidades que os professores dos demais componentes curriculares fossem trabalhar. A partir da sua pergunta, para a disciplina de História, tendo em vista o tempo que cada professor tem em suas aulas, seria interessante destinar as habilidades referentes ao eixos de Leitura e Oralidade. Vamos imaginar uma situação hipotética: Após o diagnóstico uma turma ficou com percentual abaixo com algumas habilidades, dentre elas a habilidade “(EM13LP11) Fazer curadoria de informação, tendo em vista diferentes propósitos e projetos discursivos”. Nesse sentido o professor de História poderia trabalhar diversos textos referentes ao ensino de conteúdos de sua disciplina, exercitando com os estudantes uma postura de uma leitura e interpretação destes, diferenciando as informações colocadas por cada autor, selecionando o que melhor se aproximasse da temática. Nesse sentido ele estaria auxiliando os estudantes no fortalecimento da leitura e interpretação crítica, efetiva. Esse exercício auxiliaria o alunos fortalecendo a leitura e interpretação tão importante para as diversas disciplinas. Atenciosamente,
      Adelidia Maria Rodrigues

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  2. Em minhas aulas sempre procuro enfatizar o caráter eurocêntrico da História que ensinamos. Todavia, procuro interligar os diversos períodos da História eurocêntrica com a História da China, Índia e Japão por exemplo.
    No texto você destaca alguns pontos da BNCC. Pergunta: Em sua opinião, a BNCC contribui para o eurocentrismo presente nas aula de História.

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    1. Adelidia Maria Rodrigues15 de setembro de 2022 às 14:17

      Concordo com você José Liomar,
      É muito importante destacar que os conteúdos referentes ao ensino de História, a composição da BNCC, em sua composição foi um espaço de embates no que diz respeito a questão de uma postura eurocêntrica no trato como foram elencadas os conteúdos de História. Dentre outros autores podemos citar, Douglas Mota Xavier de Lima, em seu texto: “Uma história contestada: a História Medieval na Base Nacional Comum Curricular (2015-2017)”, nos oferece um panorama do que foi a composição da BNCC. Na análise feita por este autor pode-se perceber que a terceira e última versão, carrega limitações conceituais se comparadas aos estudos historiográficos atuais desenvolvidos por diversos grupos de pesquisa e nos espaços acadêmicos. O modelo quadripartite, o etnocentrismo e eurocentrismo, ainda figuram de maneira significativa, quando analisamos as forma como as habilidades foram selecionadas e elencadas para cada ano das etapas de ensino.
      Atenciosamente,
      Adelidia Maria Rodrigues

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  3. Olá! Me chamo Gean Carlos de Sousa. Você monta uma sequência didática que além da leitura, incentiva a construção do pensamento crítico dos estudantes. Porém, a realidade de cada estudante não afeta o "conhecimento prévio" que se busca a priori? Como lidar com as diferentes realidades dos estudantes, diferentes níveis de leitura e interpretação seja do conteúdo seja da realidade dos alunos?

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    1. Maria Carleene Rufino Maciel14 de setembro de 2022 às 23:02

      Boa noite Gean,
      Acredito que o professor tem que ser capaz de trabalhar com o estudante de modo a desenvolver habilidades e potencialidades. Para isso, ele precisa ousar, fazer diferente, criar, transformar a realidade que rodeia o estudante, sempre em busca de transformar os educandos nos protagonistas do ato de ensino-aprendizagem em sala de aula. Para isso, o professor precisa de estar aberto às mudanças na sua forma de trabalhar e de agir e sair do modelo tradicional de ensino em que o professor é a fonte do conhecimento e encarrega-se, através de aulas expositivas, de transmitir informações aos alunos. Além disso, as mudanças sociais mostram a efemeridade do "time que está ganhando". À medida que, a sociedade muda, a educação também passa por adaptações e, mesmo que de forma inesperada, a pandemia, por exemplo, acabou por mostrar e solidificar a percepção da necessidade da tecnologia vinculada ao ensino. Então, esse protecionismo, a médio e longo prazo será justamente o motivo da derrota da metodologia tradicional de ensino.

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    2. Adelidia Maria Rodrigues15 de setembro de 2022 às 16:23

      Olá Gean Carlos de Souza!
      Obrigada pela pergunta! É bem interessante, pois essa é a realidade diária em nossa educação básica, é fato que existem situações que impactarão a nossa prática pedagógica e que a solução não estão ao nosso alcance, tendo em vista que o professor sozinho não dará conta dos multifatores que extrapolam a atividade docente.
      Desse modo o planejamento articulado se faz fundamental, daí a necessidade de uma proposta como as Sequências Didáticas. Essa proposta tem como primeiro ponto, entender qual o nível de leitura esses alunos estão, em seguida as habilidades mais fragilizadas serão reforçadas em forma de atividades preparadas em cada módulo da Sequência. Um ponto importante, a Sequência não é um amontoado de atividades, ela é composta sim, por atividades bem articuladas entre si. Como foi colocado no texto, se utilizo uma imagem no primeiro módulo, auxilio o aluno a fazer uma leitura, observando todos os detalhes e informações que a imagem possa oferecer, esse exercício, por mais simples que pareça é um importante exercício de leitura, tendo em vista que o que aponta Freire, a leitura da palavra é precedida pela leitura de mundo, das imagens e experiências vivenciadas. Esse exercício prepara o estudantes para no módulo seguinte, os alunos terão contato com um texto escolhido dentro da temática, que seja instigante e tenha relação com a imagem do módulo anterior. Aqui destaco um ponto, os alunos deverão realizar a leitura dentro das suas potencialidades, depois o professor como mediador, irá conduzir o momento retomando cada aspecto do texto, nesse sentido a leitura crítica será exercitada se o professor instiga através de perguntas para que o aluno perceba aspectos que estão além do texto. Esses pontos que destaquei são alguns dos que poderiam ser trabalhados, pois cada professor carrega em si várias experiências que vão ser potencializadas na organização da Sequência Didática. O professor precisa de apoio da equipe escolar, mas precisa estar comprometido em conhecer seus alunos, e perceber que partirá da realidade, traçando as principais dificuldades de leitura, sabendo que não irá resolver todas de uma vez, mas que irá evoluindo passo a passo com turma. Quero destacar que pela sua pergunta, percebo essa preocupação e comprometimento.
      O contato com os diversos textos deve ser uma constante nos diversos componentes curriculares. É preciso compreender que mesmo a aluno que não consegue ler fluentemente ainda, possui conhecimentos que serão base para o aprendizado, é um desafio que encaramos, pois a leitura, principalmente nos anos finais, é imprescindível para a construção dos conhecimentos. Desse modo o trabalho interdisciplinar, as parcerias com os demais professores, são uma possibilidade de minimizar a sobrecarga na busca por metodologias e instrumentos no enfrentamento as dificuldades. Outro ponto que destacaria como importante é, já momento da revisão do Projeto Político Pedagógico, onde toda a equipe escolar deverá traçar estratégias conjuntas de como irão enfrentar as dificuldades de leitura e interpretação, tendo como base o perfil inicial das turmas da escola, perfil este feito a partir de uma diagnóstico inicial, elencando as habilidades mais fragilizadas. No que se refere ao trabalho individual na preparação da aula, o que quero deixar claro é que a construção de uma Sequência Didática, pode ser também um trabalho colaborativo, sua produção deverá partir de uma visão clara, de como a turma está e onde se quer chegar. Reconhecendo que mesmo em meio as dificuldades impostas pelas diversas realidades, é possível passo a passo, avançar.
      Um abraço!
      Atenciosamente,
      Adelidia Maria Rodrigues

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  4. Maria Carleene Rufino Maciel14 de setembro de 2022 às 22:57

    Adelídia, boa noite. Seu texto é muito instigante e inspirador. É muito interessante trazer a perspectiva da multidisciplinariedade para o incentivo à leitura e interpretação, e como o ensino da História Medieval poder ser uma mediadora desse processo. No entanto, partindo desse pressuposto, no tocante à BNCC de 2017 que introduziu modificações no ensino de história, em especial do ensino fundamental, 6º ano, quais as limitações ou vantagens a BNCC introduz à essa atuação multidisciplinar?

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  5. Maria Carleene Rufino Maciel15 de setembro de 2022 às 00:23

    Adelídia, boa noite. Seu texto é muito instigante e inspirador. É muito interessante trazer a perspectiva da multidisciplinariedade para o incentivo à leitura e interpretação, e como o ensino da História Medieval poder ser uma mediadora desse processo. No entanto, partindo desse pressuposto, no tocante à BNCC de 2017 que introduziu modificações no ensino de história, em especial do ensino fundamental, 6º ano, quais as limitações ou vantagens a BNCC introduz à essa atuação multidisciplinar?
    MARIA CARLEENE RUFINO MACIEL

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  6. Adelidia Maria Rodrigues15 de setembro de 2022 às 21:50

    Olá Carleene, obrigada pela sua pergunta!
    A realidade do ensino nas turmas dos sextos anos, nos coloca um desafio grande, tendo em vista as dificuldades de leitura e interpretação ainda mais agravadas pelo pandemia. Nesse sentido o trabalho interdisciplinar para o trato dos conteúdos relativos a História Medieval, como também nos diversos componentes curriculares, podem oferecer uma passo importante para o fortalecimento das habilidades de leitura e interpretação. As Sequências Didáticas, a partir de uma elaboração bem articulada, podem fornecer possibilidades de trabalhar conteúdos minimizados pela BNCC, como também os que aparecem nos livros didáticos.
    Em relação ao questionamento trazido, entendo que a BNCC em sua versão final, demonstra limitações relativas aos conteúdos de História quando comparamos com os diversos trabalhos acadêmicos e de grupos de estudo apoiados em uma historiografia atualizada. Em relação as limitações reitero o que o autor Douglas Mota Xavier de Lima, apresenta em seu texto: “Uma história contestada: a História Medieval na Base Nacional Comum Curricular (2015-2017)”. No texto o autor oferece um panorama do que foi a composição da BNCC. Na análise feita por ele, pode-se perceber que a terceira e última versão, dentre as limitações conceituais, ainda apresenta aspectos como o modelo quadripartite, o etnocentrismo e eurocentrismo, e ainda pouco destaque em relação atuação da mulher nos processos históricos. É importante destacar que esses aspectos figuram de maneira significativa, quando analisamos a forma como as habilidades foram selecionadas e elencadas para cada ano das etapas de ensino.
    Poderíamos destacar como possibilidades de enfrentamento, ações como uma maior presença de temáticas sobre a BNCC já nos cursos de formação inicial de professores, para que conheçam aspectos importantes que estão em jogo na efetivação de um ensino crítico. Para isso também, o contato com experiências na Educação Básica, possibilitaria que os futuros professores tivessem contato e analisassem o que se discute nos espaços acadêmicos em relação a historiografia atual e o que de fato chega as escolas a partir de currículos e material didático. Outro ponto, seria em relação à construção dos Currículos das Redes de ensino e Projetos Políticos Pedagógicos, enquanto espaços de estudo e reflexão dos diversos atores que compõe a atividade educativa, buscando ainda parcerias com as universidades, como uma possibilidade de incluir temáticas minimizadas pela Base.
    Um abraço!
    Atenciosamente,
    Adelidia Maria Rodrigues

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