Douglas Mota Xavier de Lima

 

ELFOS E DRAGÕES EM SALA DE AULA: O NEOMEDIEVALISMO COMO POSSIBILIDADE NO ENSINO DE HISTÓRIA 

 

A expectativa, por vezes transmutada em verdadeiro frenesi, pela previsão das estreias de House of the Dragon, na HBO, em 21 de agosto de 2022, e de O Senhor dos Anéis – Os Anéis de Poder, na Amazon Prime Video, poucos dias depois, em 02 de setembro, tem mobilizado a indústria do entretenimento e a legião de fãs mundiais dos universos construídos por George R. R. Martin nas Crônicas de Gelo e Fogo e por J. R. R. Tolkien em seus escritos sobre a Terra Média, respectivamente. Com orçamentos na escala dos bilhões de dólares, as séries expressam a força do gênero fantasia na cultura ocidental, potência manifesta na literatura, no cinema, nas séries de TV por assinatura e de canais de streaming, nos jogos eletrônicos e analógicos etc. De certo modo, esses títulos, associados a tantos outros produzidos num passado recente – a trilogia fílmica O Senhor dos Anéis (2001-2003), de Peter Jackson é, provavelmente, o principal exemplo – na atualidade – como a série The Witcher, com duas temporadas lançadas pela Netflix – e previstos para os próximos anos – vide a euforia acerca de Dungeons & Dragons – Honra entre Rebeldes, a ser lançado nos cinemas em 2023 –, também demonstram a multiplicidade do imaginário acerca da Idade Média na sociedade contemporânea, visto que tais produções podem ser caracterizadas como expressões do medievo fantástico, tão caro à cultura de massa. (LIMA, PORTO JÚNIOR, 2021)

 

Esse universo permeado de elfos, dragões e outros seres fantásticos remete a uma Idade Média distinta daquela tradicionalmente estudada nos bancos escolares e nas universidades, geralmente centrada somente na experiência histórica de parte da Europa entre os séculos V e XV e que pouco se relaciona com o tempo presente. Pensar em elfos e dragões como objeto de investigação e ensino nos leva às pesquisas acerca das recepções da Idade Média em períodos pós-medievais, interações que abarcam desde manifestações midiáticas a usos políticos e ideológicos, podendo ser resumidas em torno do termo medievalismo (do inglês medievalismo). Campo de estudos formado no último quartel do século XX na historiografia anglo-saxã, atualmente o medievalismo congrega inúmeros investigadores pelo mundo a fim de compreender as respostas à Idade Média em todos os períodos históricos, com particular atenção ao tempo presente. (MATTHEWS, 2015). No entanto, parte dos investigadores do campo têm ressaltado a singularidade do que pode ser definido como neomedievalismo, isto é, as releituras da Idade Média relacionadas especialmente à fantasia, construtoras de uma espécie de metamedievalismo, um universo alternativo de medievalismos mais independentes da autenticidade do medievo histórico. (ROBINSON, CLEMENTS, 2009) O neomedievalismo é, assim, um subconjunto funcional, historicamente contingente ao próprio medievalismo, que encontra uma forma de se agarrar ao passado rejeitando a história, o tempo e o espaço que o separam de seu objeto desejado, trazendo-o ao presente. É um medievalismo dobrado sobre si mesmo que distorce a Idade Média de maneira intencional, expressando uma história maleável e pós-moderna que, por vezes, homogeneíza o que seleciona do passado, fazendo com que o medievo seja absorvido em tropos fragmentados e repetitivos. (KAUFMAN, 2010).

 

Ainda que lentamente, os estudos do medievalismo e do neomedievalismo têm se inserido no meio acadêmico brasileiro, resultando em relevantes acúmulos nos últimos anos, como em congressos – com destaque ao Congresso Internacional Medievalismos Globais, organizado pela Universidade Estadual de Montes Claros –, grupos de pesquisa – como o LINHAS - Núcleo de estudos sobre narrativas e medievalismos, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro –, dossiês especializados – como os dossiês “Medievalismo(s), neomedievalismo e recepção da Idade Média em períodos pós-medievais”, da revista Antíteses (2020) e “Neomedievalismo em Países Sem Medievo: Idade Média na América”, lançado pela revista Signum (2021) –, em teses (PORTO JÚNIOR, 2021), coletâneas (VARGAS, 2021; BERTARELLI, BIRRO, PORTO JÚNIOR, 2021; AMARAL, BERRIEL, BIRRO, 2021), obras individuais (LANZIERI JÚNIOR, 2021) e traduções especializadas (STURTEVANT, 2020).

 

Apesar do apelo da temática, da importância do campo de estudos e do crescimento das investigações no Brasil, tais questões permanecem ausentes do ensino de história. Em linhas gerais, como afirma Nilton Pereira: “A Idade Média, no âmbito escolar, continua a ser o espectro do Ocidente – lugar em que o Ocidente iluminado busca o seu Outro, o contraste justificador da sua idade adulta.” (2009, p. 118) Esse medievo da cultura escolar, manifesto sobretudo nos manuais didáticos, segue promovendo uma leitura totalizante do período, centrando-se numa abordagem generalista desatualizada historiograficamente e que não oferece elementos para a compreensão do imaginário medieval amplamente veiculado pelas mídias. (PEREIRA, 2017) Em síntese, a Idade Média é ensinada como um passado distante, caricato e que não estabelece relações com o presente.

 

Discordando dessa tendência, alguns trabalhos têm defendido o potencial pedagógico da Idade Média imaginada ou neomedieval, incorporando ao ensino de história o estudo das formas através das quais o passado medieval foi representado e recepcionado ao longo do tempo (CHEPP, MASI, PEREIRA, 2015; PEREIRA, 2017; TEIXEIRA, PEREIRA, 2016; LIMA, 2019a; LIMA, 2019b, 2021b). Tais propostas argumentam que a incorporação da Idade Média fantástica nas salas de aula é relevante em função do encantamento que desperta nos estudantes; por contemplar relações entre a história ensinada e a história vivida no presente pelos estudantes; e pelo estranhamento, estabelecido por meio do distanciamento entre experiências atuais e experiências narradas do mundo medieval.

 

Com base nesses apontamentos, o presente capítulo apresenta brevemente algumas vias para a inclusão do neomedievalismo no ensino de história. Tendo em vista que uma parte considerável dos estudos acerca dos recursos para o ensino de história medieval concentra-se nos livros didáticos, no cinema e nos jogos eletrônicos, optou-se por destacar outras modalidades, como as novelas, os desenhos animados e a música.

 

Novelas

A telenovela ou apenas novela é um gênero popular da teledramaturgia, produto artístico e cultural amplamente difundido na sociedade brasileira, que aborda temas, atitudes, valores e comportamentos relacionados ao cotidiano da sociedade, sendo ainda agente central do debate acerca da cultura brasileira e da identidade do país. A novela caracteriza-se pelo desenvolvimento de um enredo básico que “se subdivide em diversas estórias paralelas e núcleos dramáticos que se articulam entre si, mantendo a tensão narrativa que caminha para um desenlace” (NAPOLITANO, 2018, p. 88), possibilitando diferentes problematizações na sala de aula.

 

Como assinala Maria Immacolata Lopes (2003), a novela dá visibilidade a certos assuntos, comportamentos e produtos, definindo uma certa pauta que regula as interseções entre a vida pública e a vida privada. Quase sempre associada ao tempo presente e à perspectiva realista, a novela brasileira constantemente renova as imagens de um Brasil que se moderniza, sendo um dos mais importantes espaços de problematização do país. De todo modo, recentemente, algumas produções nacionais optaram por enredos centrados no medievo aproveitando o sucesso contemporâneo de Game of Thrones e Vikings, nomeadamente as novelas Belaventura, produzida pela Record, e Deus salve o Rei, produzida pela Rede Globo, ambas exibidas entre 2017 e 2018.

 

Tais novelas estão diretamente relacionadas ao imaginário medieval na contemporaneidade e constituem ricos exemplos de fontes históricas e recursos para o uso no ensino de história. Apesar disso, tiveram pouca inserção nas discussões recentes acerca do (neo)medievalismo nas mídias. Uma exceção é o artigo de Carolina Silva (2021) que, partindo do campo do neomedievalismo, analisou a novela Deus salve o Rei e como as relações de gênero são apresentadas na obra. Ainda que a reflexão da autora não se direcione ao ensino de história, o texto faz sobressair os elementos medievais mobilizados pela trama e, principalmente, os aspectos que criam familiaridade e pertencimento entre a sociedade brasileira contemporânea e o passado medievalizante dramatizado. Para Silva: “Ao criar essa sensação nos espectadores de que estão diante de um mundo passado, que corresponde às suas expectativas sobre o passado, mas que ao mesmo tempo se assemelha ao presente, a Idade Média atemporal de Deus Salve o Rei tem liberdade para criar um novo passado, à luz dos anseios da sociedade brasileira”. (2021, p. 202)

 

Deus salve o Rei é apenas um exemplo de novela brasileira de temática medieval e o interessado no gênero dispõe de outras produções recentes, como a mencionada Belaventura (2017) e a aclamada Cordel encantado (2011). Ademais, outras produções mais antigas, mesmo ambientadas na Europa Moderna, mobilizaram elementos medievais, tramas da nobreza e o espaço da corte, como Meu Filho, Minha Vida (1967), O Pequeno Lorde (1967), O Príncipe e o Mendigo (1972) e a célebre Que Rei sou Eu? (1989), permitindo diferentes usos nas aulas de história medieval.

 

Desenhos animados

O desenho animado ou animação pode ser entendido como uma sequência de imagens que cria a ilusão de movimento, distinguindo-se do cinema convencional, do ponto de vista técnico, pelo fato de as imagens serem registradas fotograma a fotograma, e não de forma contínua. Essa característica faz com que o gênero se aproxime da noção de irrealidade, abarcando temas como o sonho, a fantasia e outras abstrações, dando ainda ânimo e vitalidade a entidades que não os possuem (NOGUEIRA, 2010).

 

Os desenhos animados, tal como outros artefatos culturais, difundem uma gama importante de significados. Ao longo do século XX, eles se consolidaram como uma linguagem direcionada especificamente ao público infantil; assim, ocupam papel relevante na educação e na formação, colocando em circulação discursos que formam e subjetivam os sujeitos, carregando sugestões de como ser, como pensar, como se vestir, como se relacionar etc., sendo, desse modo, produtores de cultura e criadores de padrões sociais (IGNÁCIO, 2015). Contudo, diferentemente dos filmes, que conquistaram seu lugar como fonte histórica e como recurso para o ensino em diferentes disciplinas, os desenhos animados ainda são pouco utilizados no ambiente escolar e como documento de investigação histórica. Apesar disso, além dos aspectos mencionados, é possível destacar que os desenhos animados são recursos potenciais para o ensino de história em virtude de normalmente serem direcionados para faixa etária livre, num cenário em que o conteúdo de história medieval tende a ser abordado no 6º ano do Ensino Fundamental, com estudantes entre 10 e 12 anos de idade; e pela duração, visto que os episódios geralmente não passam de 30 min, podendo ser usados numa única hora/aula. (LIMA, 2021a)

 

Recentemente, Marcello Lima (2021b) analisou a animação Os Padrinhos Mágicos em diálogo com os aportes do campo do neomedievalismo, ressaltando que os desenhos animados exprimem “concepções (des)articuladas de temporalidades, ritmos, durações e historicidades tradicionais ou não, muitas vezes (im)precisas, confusas ou difusas, mesmo mantendo sua unidade como narratividade e discursividade” (2021b, p. 445) e, particularmente sobre o medievo, veiculam uma Idade Média genérica, eurocêntrica, branca e masculinizada. Especificamente em relação ao ensino de história, o autor propõe um roteiro de análise metodológica para as animações e destaca, entre outros aspectos, a importância da investigação dos desenhos para a compreensão das múltiplas camadas de temporalidades presentes nas obras, as quais presentificam lugares simbólicos e históricos e assimilam temporalidades (des)combinadas de formas anacrônicas.

 

Outra contribuição para o tema é o artigo acerca das animações Gato Félix e Três Espiãs Demais no ensino de história (LIMA, 2021a). No referido texto, assinalamos que os desenhos permitem ilustrar uma série de aspectos da vida social e material do período medieval, criando referências por meio de uma linguagem acessível e próxima da experiência dos estudantes do Ensino Fundamental, além permitir ao professor estimular a percepção da passagem do tempo, expressa no contraste entre o vestuário e a tecnologia. Ademais, ao abordarem o tema da bruxaria e da magia, as animações em questão estruturam-se em torno de um discurso enraizado no senso comum e na cultura de massa, que é a referência da Idade Média como temporalidade irracional, época do atraso, isto é, a Idade das Trevas. Nesse sentido, possibilitam ao docente problematizar junto aos alunos os episódios como um registro da época atual sobre o passado medieval, introduzindo a questão das diferentes maneiras de representação e recepção da Idade Média.

 

Como ressaltado, o universo dos desenhos animados oferece diferentes potenciais para o uso no ensino de história, sendo a abordagem das representações neomedievais uma forma de articular o conhecimento histórico sobre o medievo com as recepções do período na contemporaneidade por meio de uma linguagem acessível.

 

Música

O uso de músicas, cantigas e canções no ensino de história não é recente, no entanto, foi a partir dos anos 1990 que a temática ganhou maior destaque, com a música sendo pensada como objeto de estudo e como fonte para a aprendizagem e a construção de conhecimento histórico. Constata-se, no entanto, que a maior parte das investigações se concentrou na música popular brasileira para o trabalho com determinados contextos históricos, fatos e personagens da história nacional. Ademais, a abordagem tem privilegiado a construção de projetos de ensino a partir da identidade musical dos alunos, explorando os gêneros musicais que eles mais gostam e relacionando o conteúdo com a cultura e a vida cotidiana dos jovens. Como resultado dessa predileção, outros gêneros musicais de menor inserção no Brasil e produções de outras sociedades históricas foram subaproveitadas em suas expressões musicais para o ensino de história. Essa constatação se acentua no que se refere ao medievo, visto que pouquíssimos trabalhos se propuseram a refletir sobra a música medieval na sala de aula. (LIMA, 2022)

 

A relação da música com o medievalismo se expressa tanto pelas recriações de canções medievais, centradas nas composições e instrumentos do período (MENDES, SELLES, 2021), como por movimentos inspirados no medievo (também chamado de música neomedieval), como o neotrovadorismo, a Celtic music e o Viking metal, caracterizados pelo cruzamento de gêneros e pela utilização de instrumentos medievais com elementos do rock e da música eletrônica. Se recriações eruditas tendem a estar distantes do universo dos estudantes da educação básica brasileira, criando algumas resistências para a elaboração de atividades de ensino, as produções neomedievais inserem-se diretamente na dimensão da identidade/afetividade (DELL, 2019), eixo frequentemente ressaltado pelos estudos acerca do uso da música nas salas de aula; afinal, um conjunto considerável de jovens estudantes acessa canções neomedievais em gravações de bandas nacionais e internacionais – Black Sabbath é apenas um icônico exemplo – de diferentes gêneros musicais e em jogos eletrônicos, filmes, séries de Tv, feiras e festas, redes sociais etc. Ademais, é possível imaginar que em determinados casos, grupos de alunos consumam mais tais músicas do que as obras do cancioneiro popular brasileiro, por vezes o único escopo da escolha dos professores para projetos didáticos.

 

Há uma vasta produção musical que se enquadra no universo do medievalismo na música, sendo a maior parte composta por canções em língua estrangeira, o que pode criar empecilhos para o planejamento das atividades. Nesse caso, sugere-se o uso de composições em língua portuguesa. Como exemplo, cita-se a banda independente de metaleiros brasileiros “Cruzadas”. Formada na Bahia em 2002, a banda explora fatos históricos e a mitologia pagã em suas letras, com ampla produção relacionada à antiguidade e ao medievo. Com base nesse tipo de canção, algumas interrogações podem ser úteis para o trabalho em sala de aula com o medievalismo na música: qual Idade Média (em termos espaciais, étnicos, sociais e culturais) é privilegiada pelas composições? Que elementos da história medieval são apropriados e expressos nas canções? Como as canções constroem o imaginário contemporâneo sobre o medievo? Qual a atração emocional e estética da música medieval no mundo contemporâneo? Como ocorre a recepção da música neomedieval na atualidade? Tais perguntas não esgotam as possibilidades do trabalho escolar, mas procuram explorar diferentes aspectos da música medieval na sala de aula, abarcando desde a dimensão do conteúdo das letras, provavelmente a predileção da maior parte dos professores, ao problema da recepção e atração das composições.

 

Considerações finais

Os apontamentos apresentados almejaram provocar reflexões nos leitores a fim de alterar a concepção de um ensino de história medieval associado apenas às experiências históricas de parte da Europa entre os séculos V e XV e ao modelo quadripartite de estruturação do conteúdo histórico. Infelizmente, a Base Nacional Comum Curricular, na forma como preconiza a inserção da História Medieval no 6º ano do Ensino Fundamental, pouco contribui para essa mudança de perspectiva, limitando a incorporação da Idade Média fantástica nas salas de aula e a relação entre a história medieval ensinada e a história vivida no presente pelos estudantes. Contudo, a própria BNCC estabelece que todo conhecimento sobre o passado é também um conhecimento do presente elaborado por distintos sujeitos. Desta maneira, as reflexões acerca do neomedievalismo mostram-se salutares para o redirecionamento das abordagens da Idade Média na Educação Básica, demonstrando o potencial pedagógico dos elfos e dragões.

 

Referências biográficas

Dr. Douglas Mota Xavier de Lima, professor da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), coordenador do Legatio - Grupo de Pesquisa, Ensino e Extensão em História Medieval e Ensino de história. Doutor e Mestre em História pelo Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal Fluminense (UFF).

 

Referências bibliográficas

AMARAL, Clínio de Oliveira; BERRIEL, Marcelo Santiago; BIRRO, Renan Marques (org.). Medievalismos em olhares e construções Narrativas. Ananindeua: Itacaúnas, 2021, vol.1.

 

BERTARELLI, Maria Eugênia; BIRRO, Renan Marques; PORTO JÚNIOR, João Batista da Silva (Org.). Medievalismos em olhares e construções Narrativas. Ananindeua: Itacaúnas, 2021, vol. 2.

 

CHEPP, Bruno; MASI, Guilherme; PEREIRA, Nilton Mullet. O potencial pedagógico da Idade Média imaginada. Revista do Lhiste, Porto Alegre, n.3, vol.2, jul./dez. 2015.

 

DELL, Helen. Music and the emotions of medievalism: The quest for identity. Postmedieval, 10, 2019, p. 411-422.

 

IGNÁCIO, P. As pedagogias do consumo no desenho animado Três Espiãs Demais – narrativas sobre como ser jovem menina na sociedade do consumo. Textura, 17(34), 158-181, 2015.

 

KAUFMAN, Amy S. Medieval Unmoored. Studies in Medievalism, v. 19, 2010.

 

LANZIERI JÚNIOR, Carlile. Cavaleiros de cola, papel e plástico. Sobre os usos do passado medieval na contemporaneidade. Campinas, SP: D7 Editora, 2021.

 

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LIMA, Douglas Mota Xavier de. O medievalismo no Brasil e o seu potencial pedagógico. In: BUENO, André; ESTACHESKI, Dulceli; NETO, José Maria Sousa; BIRRO, Renan (Orgs). Aprendendo História: Ensino & Medievo. União da Vitória: Edições Especiais Sobre Ontens, 2019a, p. 19-26.

 

LIMA, Douglas Mota Xavier de. Música medieval em sala de aula. In: REIS, Jaime Estevão dos (org.). A Idade Média. Ensino e Aprendizagem. 2022 [no prelo].

 

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MATTHEWS, David. Medievalism: a critical history. Cambridge: D. S. Brewer, 2015.

 

MENDES, Lenora; SELLES, Márcio. A música medieval na sala de aula da educação básica (subsídios para o professor). In: VIANNA, Luciano José (org.). A História Medieval entre a formação de professores e o ensino na educação básica no século XXI. Experiências nacionais e internacionais. Rio de Janeiro: Autografia, 2021b, p. 136-154.

 

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NOGUEIRA, L. Manuais de cinema II – gêneros cinematográficos. Covilhã, PT: LabCom Books, 2010.

 

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PEREIRA, Nilton Mullet. A invenção do medievo: narrativas sobre a Idade Média nos livros didáticos de história. In: ROCHA, Helenice, REZNIK, Luís, MAGALHÃES, Marcelo de Sousa (org.). Livros didáticos de história: entre políticas e narrativas. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2017, p. 169- 184.

 

PORTO JÚNIOR, João Batista da Silva. O castelo de Guédelon e o medievalismo contemporâneo. Niterói, Tese de doutorado em Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal Fluminense, 2021.

 

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STURTEVANT, Paul B. A Idade Média na imaginação popular. Ubook, 2020.

 

TEIXEIRA, Igor Salomão; PEREIRA, Nilton Mullet. A Idade Média nos currículos escolares: as controvérsias nos debates sobre a BNCC. Diálogos, Maringá, PR, v. 20, n. 3, p. 16-29, 2016.

 

VARGAS, Lorena da Silva. (org.). Medievalismo. A Idade Média nos imaginários moderno e contemporâneo. Curitiba: Appris, 2021.

10 comentários:

  1. Primeiramente, gostaria de parabenizar o autor pela escolha do tema e pelo excelente texto produzido.

    Em seguida, gostaria de pontuar uma série de TV em desenho com um gigantesco potencial pedagógico no ensino de história medieval: a série Desencanto (Netflix).
    Nela, vendo pontos fantásticos do neomedievalismo como bruxas, elfos, magias e demônios dentro de todo um contexto monárquico ali abordado.
    Por fim, questiono: como esse produto extremamente útil e elucidativo da cultura pop pode ser encaixado numa digna metodologia de ensino da história medieval?

    Att.: Maria Sabrina Barbosa Vieira

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    1. Estimada Maria, em primeiro lugar, agradeço pelas palavras gentis e pelo diálogo sobre o tema.
      Você traz uma excelente lembrança, a série Desencanto, e sugere o caminho de abordagem que considero o mais adequado, a análise da série a partir das discussões da cultura pop e do neomedievalismo. A série constitui um belo exemplo de que o ensino de história (em geral), ou o ensino de história medieval (em particular), focado exclusivamente na compreensão de processos históricos do passado oferece poucas ferramentas para a análise desse vasto conjunto de recepções contemporâneas do medievo; ao passo que, uma aula de história pautada na problematização do presente para compreender processos históricos de sociedades recuadas ou, principalmente, que não abra mão de, ao estudar processos do passado, incorporar a investigação sobre a historicidade do tema ao longo do tempo, no meio acadêmico e fora dele, tende a potencializar o uso de materiais como a série Desencanto.

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  2. Caro, Douglas Lima!
    Parabéns pelo excelente texto. Seu estilo de escrita é fantástico!
    Seus argumentos, em defesa dos estudos no campo do medievalismo e (neo)medievalismo, são basilares e muito convincentes. Costumo dizer que a Idade Média está em alta e seu texto, prova isso muito bem. Quando você faz a sugestão sobre a utilização de elementos da cultura histórica do presente, como novelas, desenhos animados e a música no ensino e na aprendizagem histórica, gostaria de saber o que você pensa sobre a faixa indicativa de idades que o Ministério da Cultua atribuiu a esses materiais? Essa indicação de idade deveria também ser pensada pelo professor no momento da utilização desse material no ensino, já que há produtos culturais anunciados no texto, indicados para maiores de 14, 16 e 18 anos? Gostei muito do seu texto!

    Max Lanio Martins Pina

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    1. Estimado Max, em primeiro lugar, fico muito agradecido pelas palavras gentis e pelo interesse em dialogar sobre o tema. Por questões legais, o professor deve atentar à classificação etária dos materiais que disponibiliza aos alunos, assim como deve ficar atento aos temas enfatizados nesses recursos, uma vez que a legislação educacional condiciona a inserção de variados temas na educação escolar. Falo em "dever" porque o desrespeito às leis pode ter implicações penais ao docente. Contudo, tendo como pressuposto que o professor tem (ou deve ter) conhecimento prévio do material selecionado, ele pode, por exemplo, recortar uma cena de Game of Thrones (+18), como a aclamação de Robert Stark como Rei do Norte na primeira temporada, e utilizar na aula de medieval do 6º ano (c.11 anos) para abordar a questão da monarquia, ou a cena de House of the Dragon, na qual os senhores de Westeros juram fidelidade à Rhaenyra Targaryen, indicada como herdeira do trono. Em ambos os casos, são série inadequadas à faxa etária onde se concentra o ensino de Idade Média, contudo, ciente disso, o professor pode selecionar trechos de poucos minutos que não impliquem em temáticas contraindicadas.
      Paralelamente, ressalto que os desenhos animados tendem a se encaixar de forma mais fácil no trabalho em sala, demandando menos recortes (e consequentemente menor trabalho técnico do docente).

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    2. Certo, Prof. Douglas! Obrigado por sua resposta e principalmente pela sugestão de recortes das cenas. Ótimo dialogar com você. Abraços! Max Lanio Martins Pina

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  3. Caro Douglas, boa noite! Parabéns pelo texto.

    Tenho duas perguntas:

    1) além das possibilidades que você explicou no texto (novelas, desenhos animados, música), quais seriam os outros caminhos que poderiam ser trabalhados no ensino de História? 2) Como você trabalha com livros didáticos, na sua opinião, como o/a professor/a poderia trabalhar com estes materiais juntamente com o livro de História?

    Forte abraço e parabéns pelo texto.

    Luciano José Vianna

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    1. Olá, meu amigo, obrigado pelas palavras e pela pergunta. Tendo como foco pensar o medievo a partir de referências não medievais, ou seja, posteriores ao fim da chamada sociedade medieval, considero que uma possibilidade é o uso de charges, caricaturas e, especialmente, memes, tão comuns atualmente e presentes na vida dos estudantes, mas pouco explorados no ensino e nas aulas de História Medieval. Sei que você tem trabalhos (pioneiros) nessa temática para o ensino do medievo.

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    2. Sobre os livros didáticos de história, considero que o primeiro passo, o pressuposto, é tomar o livro como "um" material didático entre outros, não como "o" material. Feito isso, abre-se a perspectiva de incorporação de outros materiais didáticos e recursos de ensino, entre eles os citados no texto. Penso que uma via, talvez mais simples, uma vez que centrada no livro didático, é explorar as relações estabelecidas pelo capítulo do livro com o tempo presente. Por exemplo, no livro História Sociedade e Cidadania, do Alfredo Boulous Júnior (frequentemente reeditado há mais de 2 décadas), a edição atual ao tratar do medievo traz uma imagem das cavalhadas em cidades do Centro-Oeste, imagem pouco explorada no capítulo, mas que permite uma reflexão riquíssima sobre a questão dos (neo)medievalismos e residualidades medievais.
      Não obstante, por concepções pedagógicas, considero que o caminho mais potencial é não partir do livro didático como no exemplo anterior, mas ter como ponto de partida os conhecimentos prévios dos estudantes acerca dos temas relacionados ao medievo. Nesses exercícios de levantamento dos conhecimentos é possível problematizar as origens difusas dessas informações, muitas das quais vindas das mídias (se quisermos limitar a compreensão do neomedievalismo a tal dimensão), e, posteriormente, conduzir o estudo para o tema dos livros didáticos.

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  4. Olá, boa tarde. Gostaria de parabenizar pela escrita e temática do texto.
    Gostaria de saber sobre a recepção do alunado frente ao uso destas fontes em sala de aula? E, de que forma a turma reage ao se confrontar com o processo de desmistificação dos 'estereótipos' medievalistas, ou seja, esse olhar mais cultural por você apontado?
    Att.Jessica Caroline de Oliveira

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    1. Olá, Jéssica, obrigado pela pergunta. Esclareço que o texto apresentado não parte de experiências realizadas na educação básica a partir de uma proposta ou um projeto estruturado, ainda que algumas atividades que realizei durante os anos que trabalhei com ensino fundamental (2009-2014) sempre me venham a mente quando penso, atualmente, tais questões. Feito esse esclarecimento, posso indicar que o público com o qual trabalho, estudantes de primeiros períodos do curso de licenciatura, tem recebido muito bem ao longo dos anos tais discussões. Mais do que isso, os estudantes geralmente compartilham em sala uma série de exemplos de filmes, séries e jogos etc. e tais exemplos enriquecem a discussão sobre o medievo e suas recepções. Ademais, comumente os estudantes são demandados a fazerem avaliações analisando tais fontes.

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