Douglas Pastrello

 

O ANIME HADASHI NO GEN E A POSSIBILIDADE DO ENSINO SOBRE A GUERRA E A DOR EM SALA

  

Introdução

O ensino de história tem passado por inúmeras revoluções em sua aplicação desde o final do século XX. Entretanto, em síntese o seu fazer ainda não foi complemente descoberto e permanece em uma eterna discussão. Logo, o presente ensaio visa demonstrar uma possível metodologia de análise para filmes em sala de aula, utilizando do anime “Gen pés descalços” (Hadashi no Gen) e o contexto da Segunda Guerra Mundial.  Para tal objetivo, será feito uma rápida análise teórica dos conceitos de análise de cinema, compreensão da linguagem cinematográfica, assim como de que forma o cinema pode ser compreendido dentro do conceito “Lugar de memória” de Pierre Nora, seguindo, ao fim, para elaboração de um método de aplicação em sala do filme proposto.

 

O cinema, conforme analisa Marcos Napolitano (2005), possui uma linguagem própria e deve ser visto sob suas próprias lentes. Deste modo, o cinema deve ser levado em consideração a partir de todo o seu conjunto: cortes de câmera, trilha sonora, atuação, roteiro. Tudo feito sob a intencionalidade do diretor e subjetividade destes núcleos que formam o filme. O anime, segue os mesmos moldes de intencionalidade, mesmo que os atores reais apareçam apenas por meio da voz.

 

A escolha do filme em específico vem ao encontro diretamente do que a metodologia de cinema transparece na História: “é o reconhecimento de que todo filme é um objeto de análise para o historiador” (KORNIS, 1992, p. 7).Entretanto, torna-se necessário reconhecer que o filme, ao mesmo tempo que é objeto da História, pode se tornar um “agente da História” por seu caráter visual, didático e doutrinante, como relembra Kornis citando Marco Ferro (KORNIS, p. 8).

 

Este caráter doutrinante pode ser entendido como o potencial do filme em ensinar sua narrativa explicita, assim como seus detalhes implícitos. O último, se encontra nos detalhes técnicos do filme e referências que poderiam ser entendidas por fora do contexto interno do filme. Outro detalhe, em filmes do gênero documentário ou cine-documentário, essa perspectiva doutrinante se torna mais visível, porém filmes de ficção também a fazem. Assim, o historiador deve permanecer atento para não cair no conto da “verdade histórica” transparecida pelas lentes do filme.

 

Valim (2006. p.201), demonstra que o filme possui uma linguagem própria, tal como Napolitano afirma, e que sua análise requer uma metodologia detalhada, abordando plano a plano, suas sequencias e elementos de apoio. Não obstante, a análise deve ser feita em conjunto, não é possível separar e analisar os elementos do filme sem considerar todo o conjunto da obra.

Para isso, assim como Valim(2006) propõe em sua tese de doutorado a partir de Ciro Flamarion Cardoso e Karsten Fledelius, a análise se insere em quatro etapas: Contexto da produção, narrativa fílmica, níveis semânticos e as redes temáticas ou representacionais. Porém, neste ensaio considero um quinto elemento de análise fílmica: o cinema enquanto lugar de memória, seu caráter de “agente histórico” capaz de reproduzir determinadas narrativas.

 

Por contexto da produção compreendemos respeito ao diretor e a produção do filme, qual momento ele está inserido e se insere. No caso da obra deste ensaio, o  contexto se insere no período das memórias do pós-guerra japonês, pesando detalhes da vida durante a Segunda Guerra Mundial no Japão Imperial. Portanto, o contexto de análise deve levar em consideração não só os desfechos da 2ºGM com os bombardeios atômicos, mas, também, o contexto da vida civil no Japão Imperial.

 

A partir da narrativa fílmica se empenhará um esforço de delinear os recursos cinematográficos utilizados para passar a mensagem do filme, tais como enquadramento, roteiro, trilha sonora. Tomando essa questão como peça importante na abordagem histórica da obra, a análise levará em consideração todos os elementos que compõe o plano fílmico e de que forma eles contribuem para a narrativa.

 

O nível semântico é definido por Valim como a “ordenação em níveis semânticos do discurso” (2006. p.202), ou seja, como o discurso fílmico é passível de ser interpretado sob a luz de seu contexto, da memória e do pós-guerra – no caso de Hadashi no Gen. Por último, a interpretação baseada nas “redes temáticas” é a análise de como os temas que compõe o filme transparecem na tela e de que forma foi a recepção do filme.

 

A análise cinematográfica deve considerar os elementos “não-visíveis”, ou seja, o impacto que o filme possui socialmente, sua intenção e sua narrativa implícita, aquela que não transparece pela obviedade da tela. Por isso, a análise visual também pode levar em consideração as questões em torno da interpretação do filme pelo telespectador.

 

Por fim, espera-se enquadrar no filme – enquanto agente da história – como um “Lugar de memória”, segundo Pierre Nora (1993). Dessa maneira, espera-se ilustrar como o filme carrega uma aura simbólica capaz de servir como gatilho para determinadas narrativas. Soma-se a este esforço, diferentemente de Marc Ferro, o filme como objeto estético, Arte, capaz de proporcionar interpretações inteligíveis e subjetivas aquém das capacidades de análise da História, mas que não devem ser desconsideradas. A interação entre obra e espectador, muito embora subjetiva, sempre é esperada de alguma forma pelos responsáveis na produção do filme. O elemento catártico do filme muito mais que passar uma mensagem, por meio de seu roteiro, ele é capaz de ilustrar e criar notas mentais subjetivas a respeito de um determinado assunto. Todavia, não é do feitio deste ensaio uma análise estética do filme.

 

O filme como objeto para a Segunda Guerra Mundial

O anime não se torna mais fácil como objeto, simplesmente por ser uma animação. O estilo fílmico da obra a torna mais intencional que um filme: não a nada na tela que não tenha sido feito manualmente por alguém. Assim, a primeira etapa é um mergulho na narrativa fílmica, compreender o enredo da trama. O autor da história do longa é Keiji Nakazawa, um sobrevivente de Hiroshima, que se tornou mangaka e produziu “Gen pés descalços” como uma alegoria semi biográfica de sua vida. O anime possui algumas diferenças na trama em relação a obra original do manga, deste modo o foco deste artigo residirá apenas no anime.

 

O longa é uma mistura de registros históricos com a subjetividade artística de Nakazawa. Não é uma representação fiel dos acontecimentos, porém pode ser compreendido como parte da memória sobre a Segunda Guerra Mundial ao misturar os acontecimentos com a experiência individual do autor. Deste modo, o contexto de produção deste filme requer o conhecimento do Japão Imperial e o trauma causado pelas bombas atômicas aos japoneses.

 

A trama do filme nos apresenta a família de Gen e o contexto social sob o qual estão inseridos. Na história, a família de Gen vive no Japão durante os momentos finais da guerra e sofre uma perseguição social por conta das opiniões políticas de seu pai sobre a guerra. Durante o filme conhecemos Gen, seu irmão mais novo, sua mãe e seu pai. Sua mãe é vista como atenciosa e amorosa, sempre próxima das crianças, enquanto o pai é visto como um trabalhador árduo e que não tem medo de externalizar suas opiniões mesmo que causem consequências negativas. As crianças, Gen e seu irmão Shinji, são levados e brincam nas ruas.

 

O primeiro momento da trama é a apresentação da família e do contexto histórico. Eles vivem em 1945, nos momentos finais da Segunda Guerra Mundial. A crise pela qual o Japão passa após sucessivas derrotas no Pacífico já é sentida em casa e a família sofre com a fome e falta elementos básicos, tendo como o principal problema a mãe que está gravida e passando por desnutrição. O segundo momento da trama se concentra nos esforços da família para contornar a crise da fome e convencer o pai a guardar suas opiniões políticas para si, para que não sofram mais consequências. Por fim, o último ato do filme se dá após o bombardeio atômico em Hiroshima, demonstrando a destruição resultante, tal como a perda na família de Gen, que somente ele e sua mãe grávida sobrevivem.

 

As opiniões do pai são vistas como “traição”. Durante o Japão Imperial, era esperado uma lealdade completa dos súditos que deveriam colocar as necessidades da nação acima das próprias. Logo, o rechaço social sofrido pela família de Gen, especialmente seu pai, é por conta da falta de lealdade ao Império japonês. Essas opiniões eram consideradas atos de traição, mas a repressão não vem somente dos órgãos do Estado, possuindo reverberações sociais entre outros japoneses.

 

A principal mensagem a ser compreendida no longa é o pacifismo anti-guerra, como a guerra desenrola nos núcleos sociais de um país e que civis continuam sendo civis independente de qual lado sua nação esteja na guerra. Em um determinado momento, Gen afirma em uma redação da escola que gostaria que os soldados japoneses voltassem para casa e que a guerra acabasse sem mais mortes. O pacifismo do garoto é visto com um misto de ingenuidade, traição e covardia. O treinamento militar japonês era extremamente rigoroso e o sistema de ensino contribuía significativamente para tal, vide o édito de educação produzido em 1890 durante o governo Meiji.              :

 

“Conheça vós, Nossos súditos:

Nossos ancestrais imperiais fundaram Nosso Império com base em uma virtude duradoura profundamente implantada; Nossos súditos sempre unidos na lealdade e piedade tem de geração em geração ilustrado esta beleza. Esta é a glória do caráter fundamental de Nosso Império, sendo também a raiz de Nossa educação. Vós, Nossos súditos, sejam leais a seus pais, afetuosos com seus irmãos e irmãs; maridos e esposas sejam harmoniosos, como amigos verdadeiros; encham-se de modéstia e moderação, estenda a sua benevolência a todos; persiga o aprendizado e o culto as artes, para assim desenvolver suas faculdades intelectuais e os poderes morais perfeitos; além disso avance para o bem comum e promova interesses em comum; sempre respeite a constituição e observe as leis; em caso de emergência, ofereça-se corajosamente ao Estado, para assim resguardar a prosperidade de Nosso trono Imperial no céu e na terra. Assim, vós, não serão apenas Nossos bons e leais súditos, mas tomarás as melhores e ilustres tradições de vossos antepassados. O caminho, aqui apresentado, é de fato o ensinamento legado por Nossos ancestrais imperiais, para serem seguidos por todos seus descendentes e súditos, infalível por todas as eras e verdadeiro em todos os lugares. É o Nosso desejo de colocá-lo em Nossos corações com toda a reverência, em comum com vós, nossos Súditos, para que possamos alcançar a mesma virtude (Trigésimo dia do décimo mês do ano 23 Meiji).”

 

O édito era lido todos os dias nas escolas e frequentemente rememorado em outras ocasiões. Além disso, ele deixa claro um ideal coletivo a ser atingido. Segundo Célia Sakurai (2011) a ideologia perpetuada no Império japonês pós regime Tokugawa era de união e sacrifício pela nação. O Japão buscava ascender rapidamente na geopolítica global e os japoneses de tornaram uma ferramenta para cumprir tal objetivo. Na escola as crianças eram ensinadas nos preceitos xintoístas do Império, aprendendo sobre lealdade e sacrifício.

 

Em síntese, o anime relembra a questão da cultura da honra japonesa. Na cultura da honra o “eu” não tinha espaço, priorizava-se o “nós”. O povo japonês era visto a partir de uma mitologia sob a qual eram considerados divinos – a partir de sua própria origem. Essa origem é muito bem descrita por Shuichi Kato: “O kami solar Amaterasu fez descer no território japonês seu descendente Nínigino Mikoto, e consta que o descendente dele é o primeiro tennõ (Imperador) mitológico Jinmu Tennõ (que subiu ao trono em 660 a.C.)” (KATO, 2012, p.45). A partir desta questão religiosa se configurava três pontos da cultura da honra: a superioridade do povo japonês, a justificativa para o imperialismo da nação e a divindade do Imperador. No Japão, a sociedade de castas deixou de existir com o fim do xogunato, entretanto surgiu uma sociedade vertical em que ao topo residia o Imperador. Durante o Império japonês (1868-1945), a importância de determinadas classes mudou, até a década de 1930 que trouxe os militares ao maior prestígio social, somente abaixo do Imperador. Logo, a ingenuidade de Gen ao pedir que os soldados voltassem para casa é vista como um terrível afronta aos valores morais de sua nação e de seu professor. Esperava-se que os professores fossem tão duros quanto instrutores militares com seus alunos.

 

O filme, não só apresenta um panorama do sofrimento civil na Segunda Guerra Mundial, como também ilustra uma questão moral relativa as nações e suas ideologias. Se acreditamos que a História é o estudo dos homens no tempo, como afirmara Bloch, o olhar do historiador não pode ser meramente técnico. O objeto deve visto de forma técnica e metodológica, porém cabe um olhar mais humano para as questões históricas. Deste modo, os civis japoneses muito embora membros do “Eixo”, não podem ser vistos com uma subjetividade maniqueísta da guerra. O filme cumpre um ótimo papel ao ilustrar que os civis durante tempos de guerra sofrem independente de qual lado estão.

 

O filme em sala – novas visões didáticas sobre a Segunda Guerra Mundial

A apresentação em sala deve ser precedida por dois momentos: primeiro da análise do filme pelo professor, segundo pela contextualização geral da Segunda Guerra Mundial. A partir disso, pode-se trazer o filme em recortes ou integralmente, sempre que possível. O tema pode ser apresentado a turmas de 9º ano ou 3º ano do ensino médio, anos em que a Segunda Guerra Mundial entra no currículo escolar. Os temas necessários para compreensão completa do anime residem no teatro do Pacífico e suas causas, consequências, tal como o desfecho da Segunda Guerra Mundial e o contexto global de 1940.

 

Há diversas cenas que podem ser apresentadas no filme em separado para trabalhar as questões ideológicas da Segunda Guerra ou o sofrimento civil. Entre elas, a cena em que os irmãos Shinji e Gen buscam comida para sua mãe grávida, a perseguição social sofrida pela família e a repreensão de Gen na escola e, a mais emblemática, a explosão atômica na escola de Gen.

           

Em termos didáticos o filme serviria para desenhar aos alunos um universo de outro tempo, com costumes, construções, tecnologias e visões de mundo diferentes do que estão habituados. Idealmente, a contextualização das nações na Segunda Guerra Mundial trabalharia as grandes potências, com o Japão incluso. Portanto, os alunos já possuiriam ideias prévias sobre o assunto. Após a exibição, seria possível por meio do formato aula-oficina, proposto pela educadora Isabel Barca (2002), uma discussão traçando paralelos entre os alunos e as situações vividas pelos personagens do filme.

 

Neste momento entra a última etapa da análise: o filme como lugar de memória. Mais que uma obra de arte, o anime representa o passado e serve como gatilho para as narrativas deste antigo Japão, representado na tela. O professor, se possível, pode demonstrar como o filme carrega essa aura simbólica e como este tema pode ser doloroso para as pessoas que sobreviveram ao bombardeio atômico em Hiroshima.

 

Após o debate aula-oficina, pode-se propor um debate em que se divida os alunos em dois grupos, um pró bombardeio atômico e um contra. Durante o debate, com intermédio do professor, é esperado que os alunos utilizem os argumentos apresentados em sala para o uso da bomba atômica contra o Japão, tais como ataque em Pearl Harbor, a cultura japonesa, de modo semelhante com os argumentos contrários, a exemplo do sofrimento causado pela arma que foi utilizada contra civis.

 

Considerações finais

Deste modo, percebe-se que o anime apresenta tópicos relevantes e densos por trás de seus traços animados. A visualização deste em sala ajuda em dois aspectos do ensino de história: o de confrontar as narrativas dominantes sobre temas sensíveis e possibilita aos alunos um conhecimento mais aprofundado, não maniqueísta.

 

O dinamismo da disciplina de História em sala é essencial para tópicos que necessitam de mais atenção. A utilização de fontes próximas do universo dos alunos, e não usuais, ajuda a demonstrar que tudo pode ser visto nas lentes históricas.

 

Como aponta Circe Bittencourt (2008), o uso de trechos de filmes em sala contribue para a visualização de eras distantes para o universo discente. De modo semelhante que, considerar o filme um lugar de memória pode contribuir para contextualização da história local ao mencionar monumentos, praças e feriados locais que carregam uma narrativa simbólica.

 

Por fim, Marcos Napolitano (2011) é enfático ao afirmar que o cinema já é parte do universo cotidiano dos alunos, logo evitar seu uso em sala não só distância os alunos do conteúdo proposto, como gera uma apatia à disciplina de História.  Todavia, cabe ao professor a problematização e o vislumbre não passivo da mídia, para que a proposta seja atingida.

 

Referências Biográficas

Ms. Douglas Pastrello, doutorando em História política pela Universidade Estadual de Maringá (UEM).

 

Referências

Hadashi no Gen (Gen pés descalços). Direção: Mori Masaki. ProdutorTakanori Yoshimuni, Yasutaka Iwase. Roteiro: Keiji Nakazawa Japão: Madhouse/Gen Production. Distribuidora: Herald Enterprises. 1983. (85min): sonoro, cores, animação.

 

BARCA, Isabel. Aula Oficina: do Projeto à Avaliação. In: Para uma educação de qualidade: Atas da Quarta Jornada de Educação Histórica. Braga, Centro de Investigação em Educação (CIED)/ Instituto de Educação e Psicologia, Universidade do Minho, 2004, p. 131 – 144.

 

BITTENCOURT, Circe M.F. Ensino de história: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2008.

 

IGARASHI, Yoshikuni. Corpos da memória: Narrativas do pós-guerra na cultura japonesa (1945-1970) Tradução de Marco Souza e Marcela Canizo. São Paulo: Annablume, 2011.

 

KATO, Shuichi. Tempo e espaço na cultura japonesa. São Paulo: Estação da liberdade, 2012.

 

KORNIS, Mônica Almeida. HISTÓRIA E CINEMA: um debate metodológico. Rio de Janeiro: Revista estudos históricos. vol. 5 n. 10. 1992. p.237-250.

 

NAPOLITANO, Marcos. Fontes audiovisuais: a História depois do papel. In: PINSKY, Carla Bassanezi (Org.). Fontes históricas. 3. ed. São Paulo: Contexto, 2005. p. 235-289.

 

NAPOLITANO, Marcos. Como usar o cinema na sala de aula. São Paulo: Editora contexto. 2011.

 

NORA, Pierre. Entre memória e história: a problemática dos lugares. Projeto História, São Paulo, n.10, dez. 1993, p.7-28

 

SAKURAI, Célia. Os japoneses. São Paulo: Contexto, 2011.

 

VALIM, Alexandre Busko. Imagens vigiadas: Uma história social do cinema no alvorecer da Guerra Fria, 1945-1954. Universidade Federal Fluminense: Niterói. 2006.

 

Imperial Rescript on Education. Disponível em: https://www.japanpitt.pitt.edu/glossary/imperial-rescript-education. Acesso em 20/03/2020.

8 comentários:

  1. Rannyelle Rocha Teixeira14 de setembro de 2022 às 09:30

    Bom dia, Douglas
    Parabéns pelo texto. Ele é muito instigante. Bom, primeiramente, gostaria de saber como foi para você construir essa temática sobre a segunda guerra mundial sob outra perspectiva (no caso, o Japão)? Afinal, a maioria dos filmes sobre esse contexto histórico sempre traz narrativas hollywoodianas exaltando uma única nação o que acaba por reforçar uma única história sobre tais eventos.
    Abraços,
    Rannyelle Rocha Teixeira

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    2. Boa tarde, Rannyele. A construção(ou reconstrução) dos fatos por meio de mídias não hegemonicas é uma tarefa complexa, especialmente se tratando do cinema. Pois, o cinema estadunidense é amplamente difundido e memorado, enquanto o de outras nações se torna um cinema de nicho e gostos especificos. Apesar disso, é possível por meio da pesquisa encontrar ainda milhares de filmes de diversos momentos históricos que foram produzidos por outras nações. Acredito, por meio da pesquisa acima, que retratar a História japonesa por meio das lentes japonesas é apresentar um ponto de vista diferente do hegemonico em hollywood. Primeiro, por que a guerra não é feita apenas de batalhas épicas e soldados treinados, há a participação civil em suas entrelinhas e acredito que esta participação tem sido ignorada na reconstrução da nova história que nós historiadores nos propomos a fazer todos os dias. Segundo, pois a apresentação de um ponto de vista japonês é mais honesto a partir da abordagem que me propus a fazer. É evidente que o Império japonês cometeu atrocidades no pacífico, que o holocausto nazista não possa ser negado como algo desumano; mas, isso não significa que pessoas comuns e crianças, por exemplo, não tenham sofrido com o conflito na Alemanha nazista ou no Japão Imperial, cabe aos historiadores trazer luz a essas histórias e evidenciar a guerra como este mal que se infiltra em diversas camadas da sociedade.

      Douglas Pastrello

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    3. Rannyelle Rocha Teixeira15 de setembro de 2022 às 00:01

      Muito obrigada pela resposta tão esclarecedora, Douglas. Concordo com o disse. Muito sucesso para ti!
      Rannyelle Rocha Teixeira

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  2. Olá, parabéns pelo texto e proposta!
    Eu já trabalhei com o mangá durante o estágio da minha graduação. Assim como seu texto demonstra, além da importância de ser trabalhada a perspectiva das vítimas destes períodos de terror, também deveríamos abordar e utilizar outras fontes e metodologias, como quadrinhos, mangás e animações (animes).

    Sobre a obra em si, eu gostaria de perguntar sobre a utilização de versões de Gen: Pés Descalços.
    Caso o professor não consiga utilizar a obra em mangá, ou quadrinhos, e decida apresentar em formato de anime, ou vice-versa, você aconselharia uma metodologia diferente de abordagem das obras?

    Quais seriam as diferenças dessas duas produções, e no caso, você indicaria um formato em específico?

    Obrigado,
    Matheus Ongaro Rodrigues Souza

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    1. Bom dia, Matheus. Obrigado pelo comentário. Primeiro, há diferenças na abordagem tecnica e exposição para os alunos. Na parte técnica, são metodologias diferentes que nós historiadores devemos utilizar para analise. No manga, por exemplo, se tratando de uma obra em quadrinhos/livro a analise ocorre por meio da iconografia principalmente, lembrando que a ausência de cor na maioria dos mangas é um desafio nessa parte, pois o mundo do manga apesar disso é colorido e recai sobre nós a tarefa de dar cores, assim como o preto e branco na maioria das vezes faz parte da atmosfera visual do manga. Em contrapartida, o anime se encaixa sob o genero do cinema e deve ser analisado como tal, partindo de analises quadro-a-quadro, corte de plano em corte de plano, levando em conta que é uma produção conjunta maior que o manga(possui diretor, roteirista, desenhista, atuação(voice actors) e etc. Assim, a exposição do anime em sala acaba se tornando mais fácil que permitir que todos leiam o manga, obviamente é possível que se imprima páginas do manga para cada aluno, mas considerando nossa realidade enquanto profissionais de educação o anime deva ser a saída fácil. Entretanto, sabemos que em muitos casos a obra original em manga é superior ao anime e isso deve ser levado em conta, também. Neste caso especifico, possuo os volumes de Gen e sei que há cenas emblemáticas cortadas do anime, tal como seu irmão kamikaze, que só poderiam ser trabalhadas a partir do manga.
      Quando a metodologia para cinema, eu utilizo dos processos de analise propostos por Marcos Napolitano, Alexandre Valim e do conceito "lugar de memória" de Pierre Nora(todas as ref. estão no texto caso desejar conhecê-las).

      Douglas Pastrello

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    2. Obrigado pela resposta!

      Sempre que pensar em utilizar essa obra, ou até mesmo outros quadrinhos, mangas e animes, vou pensar e debruçar sobre as diferentes metodologias e análise que me direcionou em sua resposta e texto.
      Agradeço novamente pelas referências!

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