Luiz Gustavo Martins da Silva

 

HISTÓRIA NO SITE, SITE COMO HISTÓRIA: ANÁLISES DO SIMPOHIS.BLOGSPOT.COM NO MAXQDA

           

No Encontro da ANPUH-RJ (2019), José D’Assunção Barros (2019, p. 1) define fontes históricas como “tudo aquilo que, por ter sido produzido pelos seres humanos ou por trazer vestígios de suas ações e interferência, pode nos proporcionar um acesso significativo à compreensão do passado humano e de seus desdobramentos no Presente”.

 

Sem as fontes e sua problematização não seria possível produzir conhecimento histórico científico, pois “no fluir das fontes, a História encontra a própria história” (BARROS, 2019, p. 9). A tipologia das fontes tradicionais – “documentos textuais” – compreende memórias, crônicas, processos criminais, jornais, cartas legislativas, obras de literatura e correspondências públicas e privadas.

 

Além dos “documentos textuais” citados acima, Barros (2019, p. 15) entende que “quando um site expõe virtualmente um texto, estamos diante da fonte virtual, mas também da fonte textual”. Trata-se de um trânsito entre o virtual e o impresso, e vice-versa, o qual se dá por um processo tecnológico: o escaneamento.

           

A partir desse entendimento, defendemos que um site quando convertido/importado em dados bibliográficos pode servir como fonte histórica. Um site é, antes, um elemento da cultura digital e da cultura da convergência, que, num sentido amplo, refere-se à “situação em que múltiplos sistemas de mídias coexistem e em que o conteúdo passa por eles fluidamente” (JENKINS, 2015, p. 302).

 

Segundo Barros (2019, p. 3), os registros virtuais enquanto objetos de estudos e abordados como fontes históricas, “devem ser vistos como possuidores da mesma qualidade de fontes que os tradicionais documentos registrados no suporte papel”.

 

Este texto aborda o SIMPOHIS como fonte virtual primária e investiga como os trabalhos submetidas às edições do site tematizam a inserção das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação nas práticas pedagógicas de Ensino de História. As análises feitas pelo MAXQDA indicam que o uso das TDIC se associa majoritariamente ao nível da substituição da metodologia SAMR.

 

Por essa razão, defendemos a formação de um novo profissional de forma que tais práticas possam se equilibrar para o nível da redefinição desse método, ou seja, a passagem mais avançada da apropriação das TDIC no fazer docente e na aprendizagem histórica.


A história do SIMPOHIS, o site-blogger como fonte

O SIMPOHIS, Simpósio Eletrônico Internacional em Ensino de História, é um evento que começou a ser promovido na web em 2015. Criado por docentes de Universidades Federais de Norte a Sul e a Sudeste do Brasil, o site colaborativo, interativo e formador, volta-se para o Ensino e a Aprendizagem Histórica. A maioria deles são membros do Laboratório de Aprendizagem História, surgido em 2013 e integrado ao Departamento de Educação e Pedagogia da UNESPAR (SIMPOHIS, 2022).

 

Há ainda três colaboradores: Leitorado Antiguo (UPE), Grupo Atrium (UFMS) e Projeto Orientalismo (UERJ); e dois “Simpósios amigos”: Simpósio Eletrônico de História e Educação CEDERJ/UAB Cantagalo e Seminário Eletrônico Sexualidades e Gêneros em Perspectiva Histórica. Esse coletivo diverso e com interesses em comum traz a visibilidade do evento a nível nacional e internacional, “tendo marcado a presença de mais de mil participantes na última edição” (SIMPOHIS, 2022).

 

Outras informações sobre a história do SIMPOHIS devem ser abordadas à luz da história da Internet e da cultura da convergência, as quais podem ser acessadas na aba “Quem somos”. Nela, está contida a memória virtual e digital das edições anuais, e por isso podemos afirmar que no site se recupera vestígios das ações humanas para a apreensão de seu passado e desdobramentos no presente, especificamente de estudos históricos.

 

Analisar a estrutura do site se torna relevante, pois é a partir dela que os usuários têm acesso aos textos e conteúdos digitais que podem lhes servir como fontes. É nesse ambiente virtual que docentes podem atualizar suas práticas pedagógicas ao ter conhecimento das discussões ali presentes. Cabe destacar que o uso de fontes virtuais é um desafio contemporâneo para os historiadores devido à vários fatores, em alguns casos, à natureza efêmera dessa tipologia.

 

O SIMPOHIS esboça o ‘retrato da cibercultura’ em si. Segundo Pierre Lévy (1999, p. 17), o termo indica o “conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço”. Nesse sentido, faz-se necessário compreender a emergência do SIMPOHIS.BLOGSPOT.COM dentro dos quadros da Web 2.0 e da ampla gama de recursos e informações do sistema global da rede de computadores, a Internet.

 

No quesito presença, uma das características marcantes do site é a sua capacidade mobilizadora de interação dos participantes/usuários, na categoria de ouvintes leitores, como se confirma nos comentários e nos e-books das sete edições realizadas. Usando as tecnologias digitais, a comunicação interativa no SIMPOHIS “acompanha e amplifica uma profunda mutação na relação com o saber” (LÉVY, 1999, p. 172).

 

Defendemos que a “inteligência humana coletiva” (LÉVY, 1999) existente no site aponta para uma comunidade virtual capaz de alavancar o conhecimento, especializando seus usuários. A discussão em grande escala apresenta-se nas edições, com geralmente seis mesas temáticas, que são passíveis de análises qualitativa e quantitativa através de download, onde as informações são convertidas em dados bibliográficos.

 

A partir desses apontamentos, podemos considerar que o site-blogger SIMPOHIS é uma fonte histórica virtual na medida em que se torna suscetível de análise pelo historiador. A sua conversão em fonte textual é um caminho, mas não o único. Em vez de importar para o computador, tablet, celular, notebook, etc, usando um software, o profissional pode proceder com a análise no próprio ambiente virtual.

 

Segundo Barros (2019, p. 8) “para se fazer História adequadamente e dentro do que se espera de uma historiografia científica, o que se precisa é assegurar uma espécie de entrelaçamento” entre um problema e as fontes. O Problema-Fonte, aqui, é o da acessibilidade digital. A fonte virtual abordada fornece alternativas textuais através de imagens, contraste de cor, hiperlinks, frases curtas, palavras simples, etc, permitindo que pessoas com deficiência e experiência de navegação prejudicada possam navegar, interagir e contribuir. Entretanto, há seções que carecem de aprimoramentos, como se pode ver na imagem abaixo.

 


Imagem 1 – Avaliação de Acessibilidade

Fonte: https://asesweb.governoeletronico.gov.br/avaliar

 

A imagem 1 evidencia que o SIMPOHIS possui um percentual de acessibilidade acima da média (73.64%), com exceção do avaliador de sintaxe (palavras). As seções multimídia e formulários não apresentaram erros e avisos, porém não se verifica no site mídias como audiodescrição e programas de comando de voz para cegos. De todo modo, é possível afirmar que o site cumpre uma função social, tecnológica e científica na formação e orientação para o exercício da aprendizagem histórica.

 

Análise do SIMPOHIS no MAXQDA

A proposta da análise é investigar como os trabalhos submetidos às sete edições do site tematizam a inserção das TDIC nas práticas pedagógicas de Ensino de História. A atenção foi atribuída a outros objetos de estudos, entre eles: HQs, filmes e séries, imagens, músicas, jogos eletrônicos.

 

A análise foi realizada no MAXQDA. Esse é um software proprietário e “acadêmico para análise de dados qualitativos e métodos mistos de pesquisa e está disponível para sistemas operacionais Windows e Mac. O MAXQDA poderá auxiliá-lo na análise de todos os tipos de dados não estruturados, tais como análise de conteúdo, entrevistas, discursos, grupos focais, arquivos de áudio/vídeo/imagem, dados do Twitter entre muitas outras possibilidades” (MAXQDA, 2022).

 

Os seguintes conceitos Substituição, Aumento, Modificação, Redefinição (SAMR) foram aplicados no software como códigos. Esses são os mesmos termos da metodologia criada por Ruben Puentedura em 2008.

 

A imagem 2 mostra as 4 interfaces do programa, onde lê-se os documentos (retângulo preto), a lista de códigos e codificações (círculo vermelho e setas verdes e marrom). Contudo, ela não é suficiente porque somente possibilita ver as 9 fontes em PDF, a lista de códigos e seus totais, o total de 272 codificações e os totais por cada documento. Na interface “Lista de codificação”, por exemplo, vê-se o título dos trabalhos e em qual código eles foram atribuídos.

 


Imagem 2 – Interfaces MAXDA com documentos e códigos ativados

Fonte: MAXQDA, arquivo pessoal

 

SAMR é um método da escada de duas passagens, assim como uma perspectiva de pesquisa, em que, na prática, a observação, análise e ação são essenciais para o uso da tecnologia no ensino, inclusive de História. O SAMR liga-se à questão de diferentes tipos de práticas pedagógicas associadas às TDIC no ensino.

 


Imagem 3 – Metodologia SAMR

Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=ZQTx2UQQvbU

 

Conforme a imagem 3, a metodologia consiste em duas grandes passagens, subdivididas em quatro níveis. A primeira, é a do aperfeiçoamento/enhancement, que compreende os níveis Substituição (substitution) e Aumento (augmentation). Já a segunda etapa é a da transformação/transformation, que envolve os níveis Modificação (modification) e Redefinição (redefinition).

           

A substituição vincula-se à mudança de suporte, sem que com isso as práticas pedagógicas sejam fundamentalmente alteradas. É o momento de proximidade com as ferramentas digitais. Nesse nível, o uso de recursos como Kahoot, Google Forms, QR Code, Google Sites, Padlet são sugestões para mudanças do modo como os alunos interagem e acessam o material digital e o conhecimento. Isso leva à passagem da substituição para o aumento, ou seja, a recorrência das TDIC, mesmo que não se trata só da ferramenta em si.

 

Cabe aqui a seguinte situação hipotética para explicar os outros níveis do método SAMR. Suponha que esteja ensinando o tema dos refugiados e migrações. Nesse caso, proponha para os alunos a criação de mapas digitais afim de demonstrar os fluxos de refugiados no Brasil, as cidades que os abrigam e a sua inserção no mercado de trabalho. A partir disso, começa-se a visualizar algo. Também os recomende a fazerem isso em duas camadas diferentes de modo a perceberem as correlações entre o fluxo e a quantidade de exilados e as cidades.

 

Em vez de propor para os estudantes a criação de mapas no sentido tradicional, destaque que quer que eles os produzam para desenvolver uma compreensão da história. Mas aqui a orientação é outra: diga, então, para criarem mapas digitais de forma que eles possam interagir uns com os outros em sites compartilhados. Nesse estágio, cada aluno ou grupo de alunos estará mais interessado em certos aspectos da história. Por exemplo, alguns vão se concentrar nos afluxos, outros no mercado, outros poderão se interessar mais nas cidades com a intenção de identificar a presença de refugiados no seu bairro, na sua cidade.

 

Essa prática pedagógica significa colocar os estudantes em diálogo com maior profundidade e imersão, em que se usa os mapas digitais, “como porta de entrada para uma prática social de exploração”. Trata-se de orientá-los no sentido de se entenderem como historiadores, e “usem os mapas para conversar uns com os outros, integrar as descobertas uns dos outros, construir a prática que é mediada pelo uso social das ferramentas em um ambiente de rede” (PUENTEDURA, 2017).

 

Nesse caso, tem-se uma mudança substancial ao alterar aquilo que os alunos fariam individual para uma ação coletiva, em que, na prática, eles agem como “mentores” uns dos outros envolvendo-se com a descoberta e exploração de novas áreas. Segundo Puentedura, nesse ponto encontra-se a inserção da TDIC nos níveis da modificação para a redefinição. Em outras palavras, em vez do docente só levar para a sala de aula um vídeo do YouTube, uma HQ, a sua proposta aos estudantes para produzirem uma playlist colaborativa no Spotify adquire outra dimensão pedagógica.

 

De que forma os alunos podem entender como os historiadores pensam em um nível mais profundo, com as ferramentas digitais? Como podem pesquisar dados experimentais e fazer alguma análise real com base no que eles entenderam? A redefinição é o nível mais avançado do método SAMR, visto que a prática pedagógica tem como parâmetro a apropriação das TDIC com o objetivo de romper com as concepções de tempo e espaço. Sobre isso, Puentedura explica que:

 

“Umas das coisas que vejo na sala de aula que são muito bem sucedidas na incorporação de ferramentas nos níveis de Modificação para Redefinição, é que vejo alunos se encarregando de sua educação. São aulas em que os alunos não fiquem apenas esperando que algo aconteça. São as salas de aula onde os alunos estão dizendo – oh espere. Estamos fazendo isso, mas também quero fazer outra coisa. E eu posso ver uma maneira de fazer isso!” (PUENTEDURA, 2017).

 

Com objetivo, então, de investigar como os trabalhos do SIMPOHIS abordam as TDIC no ensino, uma das análises realizadas foi a da comparação quantitativa de grupos de documentos. Na imagem 4, vê-se uma tabela de referência cruzada que apresenta os totais percentuais codificados. Por exemplo, o código SUBSTITUIÇÃO teve 193 codificações/trabalhos, quer dizer, a maioria dos trabalhos se situa nesse nível. Isso corresponde a 642.2% / 9 = 71,0%.

 

Ao passo que o nível mais alto da integração das TDIC no ensino, o código REDEFINIÇÃO, apresenta um percentual muito baixo: 3,7%. São 10 trabalhos que apontam de forma direta para essa perspectiva. Eles foram identificados a partir da mesa temática “Mídias, Tecnologias e Fontes” promovida em abril de 2017. Logo, nesse ano os objetos de estudos desses trabalhos ligaram-se mais ao nível da redefinição da metodologia de Puentedura.

 


Imagem 4 – Análise de comparação quantitativa de grupos de documentos

Fonte: MAXQDA, arquivo pessoal

 

Não significa dizer que determinado trabalho não se adequa a outro conceito. Por isso, é importante a análise da combinação simples de códigos, isto é, como os objetos de estudos dos trabalhos combinam entre si. Na imagem 5, o programa aponta 4 combinações de um total de 16 possíveis. Todas as categorias (substituição + aumento + modificação + redefinição) combinam-se em 55,6%, o que representa 5 frequências de combinações. Outras combinações são: substituição + modificação (22,2%); substituição + aumento (11,1%); substituição + aumento + modificação (11,1%).

 


Imagem 5 – Análise da combinação simples de códigos

 

 

Há que se destacar dois trabalhos que apontam a passagem da modificação para a redefinição. O primeiro é “Luz, câmera e ação: o aluno como sujeito operante no processo de ensino aprendizagem, produção de documentário” (SIMPOHIS, 2017). Nele, percebemos que a prática pedagógica tem como parâmetro as TDIC, ressaltando como os alunos podem produzir individual e coletivamente e em articulação como novas áreas do conhecimento.

 

Por fim, o segundo trabalho “O Museu em sala de aula: relatos de experiências com museus virtuais” (SIMPOHIS, 2017), apresenta a apropriação das TDIC no ensino bem como enfatiza o rompimento com as concepções de tempo e espaço, levando a uma metodologia imersiva.

 

Unlocked error: cultura digital e TDIC

Apropriar-se de softwares exige desbloquear erros, quer dizer, não deixar que o programa execute por si só as análises da investigação. Ao examinar os dados no MAXQDA, observamos que o tema da cultura digital não foi abordado diretamente desde a emergência do SIMPOHIS em 2015. Os objetos de estudos apresentados no site, afinal, são todos elementos da cultura digital e da cultura da convergência.

 

Por que esse tema não foi abordado nas edições do evento? Como o termo tem sido alvo de procura na Internet? Pelo Google Trends, tem-se um aumento (tímido) de interesse de pesquisa e popularidade da cultura digital nos últimos 5 cinco anos no Brasil. O gráfico da imagem 6 mostra o interesse relativo ao ponto mais alto no país entre julho de 2017 e julho de 2022. O valor de 100 é o pico de popularidade do conceito cultura digital. A pontuação de 50 significa que o termo teve metade da popularidade.

 

Imagem 6 – Interesse da cultura digital no Brasil (2017-2022)


Fonte: https://trends.google.com.br/trends/explore?date=today%205-y&geo=BR&q=Cultura%20Digital

 

Os picos de interesse pelo tema são: 25 - 31 de março de 2018 (69); 17 - 23 de maio de 2020 (75); 12 a 18 de setembro de 2021 (79); 20 a 26 março de 2022 (100), destacando-se Mato Grosso do Sul (100); Amazonas (91); Tocantins (87); Pará (75); Ceará (74). Isso talvez indica que o tema, mesmo presente em trabalhos acadêmicos (FANTIN; RIVOLTELLA, 2012), ainda requer ser mais apresentado e debatido, inclusive dentro das abordagens historiográficas sobre as TDIC.

 

Para Vani M. Kenski (2018), a cultura digital é emergente, temporal e atual. Também é preferencialmente virtual, e transita em camadas distintas nesse espaço, com práticas, valores, saberes, temporalidades. Uma de suas características essenciais é a ruptura, pois a cultura digital migra entre fronteiras, é internacional, rompendo com os conceitos de tempo linear, espaço e território. Ora, aqui se situa o SIMPOHIS.BLOGSPOT.COM!

 

“integra perspectivas diversas vinculadas à incorporação, inovações e avanços nos conhecimentos proporcionados pelo uso das tecnologias digitais e as conexões em rede para a realização de novos tipos de interação, comunicação, compartilhamento e ação na sociedade” (KENSKI, 2018, p. 1).

 

A professora explica acima sobre as várias abordagens da cultura digital. Ela pode ser potencializada pelo Ensino de História, uma vez que é viabilizada pela interatividade, intermedialidade, portabilidade e personalização das TDIC, que, apropriadas de forma crítica, consciente e ética aproximam o aprendizado de competências e habilidades conectadas aos desafios do mundo real, e centram nos estudantes a construção do conhecimento, do protagonismo e da autoria.

 

Entretanto, Coelho, Silva e Silva (2022) analisam Projetos Pedagógicos de Curso (PPCs) de Licenciatura em História do estado de Minas Gerais e ressaltam o desencontro entre a formação docente e os espaços de aprendizado. A amostragem indica que o processo formativo desses docentes não tem acompanhado as inovações proporcionadas pelas TDIC. Os autores corroboram com Kenski ao entenderem que (Coelho; Silva; Silva, p. 53), “há a necessidade de formar um novo profissional docente que esteja presente e preparado para dimensionar, programar e orientar a produção de ações educativas a partir da apropriação das TDIC no fazer docente”.

 

Portanto, defendemos que a abordagem do SIMPOHIS como fonte virtual primária contribui para a historicidade e história do site e o assunto acerca do uso das fontes digitais no ofício do historiador. As análises feitas pelo MAXQDA revelam que, apesar de poucos trabalhos apontarem a apropriação da TDIC no nível da redefinição do método SAMR, é necessário se concentrar na formação inicial e continuada de docentes alinhados aos novos espaços de aprendizado de modo a inovar em suas práticas pedagógicas e na aprendizagem histórica, pois, afinal, os estudantes estão cotidianamente imersos na cultura digital.

 

Referências biográficas

Ms. Luiz Gustavo Martins da Silva, historiador, doutorando do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Ouro Preto, e professor pesquisador no projeto CNPq Mídias, Tecnologias e História (MITECHIS) da Universidade Federal do Tocantins.

 

Referências bibliográficas

ASESWEB. Disponível em: https://asesweb.governoeletronico.gov.br/avaliar. Acesso em: 09 jul. 2022.

 

BARROS, José D’Assunção. Fontes Históricas – uma introdução aos seus usos historiográficos. In: Anais do 2º Encontro Internacional História & Parcerias, ANPUH RJ, 2019. Disponível em: https://www.historiaeparcerias2019.rj.anpuh.org/. Acesso em: 25 jun. 2022.

 

FANTIN, Mônica; RIVOLTELLA, Pier Cesare. Cultura digital e escola: Pesquisa e formação de professores. Campinas: Papirus, 2012.

 

JENKINS, Henry. Cultura da convergência; tradução Susana Alexandria. São Paulo: Aleph, 2015.

 

KENSKI, Vani M. Verbete Cultura Digital. In: MILL, Daniel (org.). Dicionário Crítico de Educação e Tecnologias e de educação a distância. Campinas: Editora Papirus, 2018.

 

LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Ed. 34, 1999.

 

MAXQDA. Disponível em: https://www.maxqda.com/brasil/software-analise-qualitativa. Acesso em: 09 jul. 2022.

 

PUENTEDURA, Ruben R. How to Apply the SAMR Model. Disponível em:

https://youtu.be/ZQTx2UQQvbU. Acesso em: 08 jul. 2022.

 

PUENTEDURA, Ruben R. SAMR, the EdTech Quintet, and Shared Practices: An Introduction. Hippasus, 2018.

 

COELHO, George; SILVA, Luiz Gustavo da; SILVA, Thálita da. Tecnologias digitais, formação e ensino: uma análise dos PPCS de licenciatura em história no Estado de Minas Gerais. CLIO: Revista de Pesquisa Histórica (Recife. Online), vol. 40, Jan-Jun, 2022. DOI: https://doi.org/10.22264/clio.issn2525-5649.2022.40.1.4. Acesso em: 31 março 2022.

 

SIMPOHIS – Simpósio Eletrônico Internacional de Ensino de História (2015-2021). Disponível em: https://simpohis2022.blogspot.com/?m=0. Acesso em: 25 jul. 2022.

 

TRENDS, Google. Disponível em:

https://trends.google.com.br/trends/explore?date=today%205-y&geo=BR&q=Cultura%20Digital. Acesso em: 12 jul. 2022.

6 comentários:

  1. Olá Luiz Gustavo, parabéns pelo excelente trabalho!
    Muito se fala em aprendizagem colaborativa em rede. No trecho “Nesse caso, tem-se uma mudança substancial ao alterar aquilo que os alunos fariam individual para uma ação coletiva, em que, na prática, eles agem como “mentores” uns dos outros” [...] é possível afirmar que essas interações se constituem ou contribuem efetivamente para ações de aprendizagem colaborativa?

    Roseli Ap. Zulli Teixeira

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    1. Luiz Gustavo Martins da Silva15 de setembro de 2022 às 21:33

      Olá Roseli! Muito obrigado pela leitura, comentários e questão. Eu diria que sim, se houver resultado de qualidade a partir das interações entre os estudantes. O QSIS, software gratuito, semelhante ao Arcgis, proprietário, é própria para mapas de localização, georreferenciados. A partir de um projeto de pesquisa, utilizando o Discord/Meet/Zoom, torna-se possível o resultado de um bom trabalho. Talvez a palavra "mentores", no trecho acima, seja exagerada, aqui ela pode ser pensada como compartilhamento de experiências. Mais uma vez, agradeço por sua intervenção.

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  2. Janaina Cardoso de Mello14 de setembro de 2022 às 17:12

    Olá, Luiz Gustavo, gostei muito do seu texto. O uso do SIMPOHIS em sala de aula faria essa integração do alunado com uma cultura digital aplicada ao Ensino de História. Mas quando a maior parte dos cursos de Licenciatura em Historia não ofertam disciplinas obrigatórias de tecnologias digitais é possível ver essa integração da cultura digital ao Ensino de forma efetiva? Os cursos de Licenciatura não trabalham com o SIMPOHIS, em sua maioria, ainda estão presos na década de 1990. Como formar professores melhores se os formadores se recusam a evoluir em seus PPC das graduações?

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    1. Luiz Gustavo Martins da Silva15 de setembro de 2022 às 20:26

      Olá, Janaina, prazer! Agradeço pela leitura atenta e pelas questões. Seu primeiro questionamento está implícito, nas entrelinhas do texto. Em uma das referências que citei sobre os PPC, que tive a oportunidade de publicar com o professor George e a professora Thálita, está presente esta questão. Não é possível ver a integração da cultura digital ao ensino de forma efetiva se não houver mudanças estruturais. Os cursos não trabalham ainda com o SIMPOHIS - o curioso é que desde 1990 Lévy e Andrew Feemberg, por exemplo, veem chamando a atenção para as TDIC e sua relação com o ensino, as universidades, a democracia tecnológica, a inclusão digital etc - por isso, este texto se coloca como proposta. Mas de que forma? Seguir construindo estudos analíticos sobre os PPC, assunto que ainda é alvo de meus interesses. Aliás, é interessante que novos estudos sejam feitos em parceria. Outra maneira, é analisar os manuais didáticos que orientam as práticas docentes. Um spoiler aqui: este semestre será publicado novo artigo escrito por mim, George e outra colega a este respeito. São poucos manuais que vem direcionando e apontando para as TDIC e a cultura digital. Acredito hoje que seja importante superar a ideia sobre a obrigatoriedade ou não dessa integração. Considero obrigatório. Não cabe mais insistir em disciplinas optativas, muitas das quais ofertadas por outras áreas do saber, não propriamente pela História. Tampouco convém passar mais quatro anos sem evolução dos PPC (para não dizer uma década). Mais uma vez, agradeço suas questões e podemos continuar com o diálogo.

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  3. Olá Luiz Gustavo, ótimo trabalho com o texto! Nele fala sobre a integração da cultura digital nas salas de aula como uma forma de aumentar a interação e imersão dos alunos nos estudos. Porém, além do problema citado pela Janaina, outra complicação nesse tema são os próprios alunos. A maioria deles já sabe como usar e tem facilidade com as tecnologias, além de já as utilizarem como ferramentas de pesquisa e estudo fora do ambiente da sala de aula. Entretanto, quando se fala em utilizar essas ferramentas dentro das salas e durante as aulas, eles têm dificuldade em fazer de maneira efetiva e responsável. O que é necessário para tornar essa integração da tecnologia dentro da sala algo mais proveitoso e eficaz para os próprios alunos?

    Caleb C. Salema

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    1. Luiz Gustavo Martins da Silva15 de setembro de 2022 às 21:13

      Caro Caleb, muito obrigado pela leitura e perguntas! Sua apreensão do texto foi ótima, pois me permite desenvolver mais o outro lado, o do alunado. Afinal, há limites de caracteres para os textos, e por isso, alguns temas são razoavelmente abordados. Neste texto, de alguma maneira, parti do pressuposto de que os estudantes não só estão inseridos na cultura digital, como também sabem usar as tecnologias. Esse ponto precisa ser relativizado. Quando você pensa que "maioria [alunos] deles já sabe como usar e tem facilidade com as tecnologias, além de já as utilizarem como ferramentas de pesquisa e estudo fora do ambiente da sala de aula", é importante questionar pelo menos dois aspecto. O primeiro, é sobre a desigualdade e a exclusão sociais e digitais. Assim como muitos alunos sabem usar e tem facilidade com as tecnologias , milhares de alunos também são vítimas da exclusão digital, não possuem celular, computador, internet - falando aqui somente na área urbana -. Já o segundo aspecto diz respeito à apropriação (sigo as acepção de Roger Chartier), nesse caso, o questionamento são: os alunos sabem usar as tecnologias/têm mesmo o acesso? e fora da escola apropriam de forma crítica, consciente e ética?. Aqui está parte da resposta: "quando se fala em utilizar essas ferramentas dentro das salas e durante as aulas, eles têm dificuldade em fazer de maneira efetiva e responsável".
      Respondendo a pergunta, Caleb: Muitas mudanças estruturais são necessárias, a começar pela formação inicial de futuros professores e profissionais da História; para isso, é importante atualizar os Projeto Pedagógicos dos Cursos, como disse na resposta à Janaina, instituir disciplinas obrigatórias sobre Mídias, TDIC e História, mas também investir na formação contínua. Os livros didáticos também são importantes orientar as práticas docentes. Já pensou em ver num livro o link do SIMPOHIS ou QR Code direcionando para as fontes aqui presentes? Para ficar só nesse exemplo, pois poderíamos mencionar bibliotecas digitais nacionais, em que se recuperam diversas fontes digitais e digitalizadas para o produção do conhecimento histórico.
      Importante, ainda, que nós professores possamos identificar possibilidades para um educação criativa a partir da cultura digital, a qual enquanto ferramenta pedagógica pode estimular o protagonismo e a autonomia dos alunos. A mediação do professor, aliada com a escola, para a aprendizagem colaborativa é, nesse sentido, fundamental. logo, a função é elaborar perguntas norteadoras que instigue a curiosidade do tema; estimular o diálogo e interação em grupos; uma escuta ativa e empática não pode faltar também. Mais uma vez, grato pela sua questão.

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